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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

EBD 1 TRIMESTRE 2018 AULA 6




Aula 06 – PERSEVERANÇA E FÉ EM TEMPO DE APOSTASIA


1º Trimestre/2018

Texto Base: Hebreus 6:1-15

"Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas" (Hb.6:12).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 6. Trataremos da “Perseverança e fé em tempo de apostasia”. Perseverança é uma qualidade daquele que persiste, que tem constância nas suas ações e não desiste diante das dificuldades; é continuar fazendo o bem, independentemente das circunstâncias, por amor a Deus. Os cristãos destinatários da Epístola davam sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso na fé. Seria uma desgraça para aqueles cristãos, se eles não demovessem da ideia de se apostatar da fé. A apostasia é retratada pelo autor como algo real e não apenas como um perigo hipotético, por isso, ele exorta que para se evitar esse mal, de consequências deletérias e permanentes no âmbito espiritual, é necessário perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus. À luz de Hebreus, neste tempo de apostasia, somos chamados a perseverar na comunhão com Cristo e a viver em fé na esperança renovada de que um dia estaremos para sempre com o Senhor. Seguir Jesus nem sempre é fácil, mas se perseverarmos receberemos a recompensa de Deus.

I. A NECESSIDADE DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

Depois de admoestar os cristãos destinatários pela espiritualidade infantil que demonstravam, o autor da Epístola alerta a esses cristãos que não cederia à imaturidade deles, provendo-os somente com “leite”, porque apresentar as doutrinas básicas sob uma nova forma não os ajudaria a resistir à tentação de se desviar de Cristo. Eles deviam ganhar um entendimento mais profundo, movendo-se para além dos princípios elementares da doutrina de Cristo, literalmente “a palavra de início da doutrina de Cristo” ou “a palavra inicial da doutrina de Cristo”. Concordo com William Macdonald que isso se refere às doutrinas básicas da religião ensinadas no Antigo Testamento e destinadas a preparar Israel para a vinda do Messias. Essas doutrinas estão listadas na última parte de Hb.6:1 e em Hb.6:2. Segundo Macdonald, elas não são as doutrinas fundamentais do cristianismo, mas os ensinos de natureza elementar que formavam a base para a construção posterior. Elas não completavam o Cristo ressurreto e glorificado. A exortação é para deixar esses princípios básicos, não no sentido de abandoná-los como inúteis, mas de avançar deles para a maturidade. Como consequência, o período do judaísmo foi um período de infância espiritual. O cristianismo representa a fase adulta.

Estabelecido o fundamento, o próximo passo é construir sobre ele. O fundamento doutrinário foi assentado no Antigo Testamento e inclui os seis ensinamentos básicos listados, a saber: “o arrependimento de obras que estão mortas; a fé em Deus; o ensino sobre os batismos; o ritual de imposição de mãos; o ritual de imposição de mãos; a ressurreição dos mortos e; o Juízo eterno”. Eles constituem o ponto de partida. As grandes verdades do Antigo Testamento quanto a Cristo, sua pessoa e obra representam o ministério da maturidade. Veja, a seguir, como William Macdonald analisa estes elementos básicos, exarados em Hb.6:1,2.

1. O arrependimento de obras que estão mortas. Essa doutrina foi constantemente pregada pelos profetas, assim como pelo precursor de Jesus, João Batista. Todos eles clamaram ao povo a deixar suas obras, que estavam mortas no sentido de que eram destituídas de fé. Obras mortas podem se referir às obras que incialmente eram corretas, mas que agora são mortas desde a vinda de Cristo. Todos os serviços relacionados à adoração no templo, por exemplo, tornaram-se obsoletos com a Obra de Cristo concluída.

2. A fé em Deus. Este ensino se trata de uma ênfase do Antigo Testamento. No Novo Testamento, Cristo é quase invariavelmente apresentado como o Objeto da fé. Não que isso substitua a fé em Deus; mas a fé em Deus que deixa Cristo fora tornou-se inadequada.

3. O ensino sobre os batismos. Esse ensino não se refere ao batismo cristão, mas à cerimônia de lavagens, que era uma figura de destaque na vida religiosa dos sacerdotes e do povo de Israel.

4. O ritual de imposição de mãos. Esse ritual é descrito em Levítico 1:4; 3:2; 16:21. O ofertante, ou o sacerdote, impunha as mãos sobre a cabeça de um animal como ato de identificação. Simbolicamente, o animal levava os pecados do povo que estavam associados a ele. Essa cerimônia simbolizava expiação vicária. Não acreditamos que haja neste ponto alguma referencia à imposição de mãos como praticada pelos apóstolos e outros servos de Deus na igreja primitiva (Atos 8:17; 13:3; 19:6).

5. A ressurreição dos mortos. Essa doutrina, no Antigo Testamento, é ensinada em Jó 19:25-27, Daniel 12:2, Salmos 17:15 e deduzida em Isaías 53:10-12. O que se vê indistintamente no Antigo Testamento é revelado de modo claro no Novo Testamento (cf. 2Tm.1:10; 1Tes.4:16).

6. Juízo eterno. Essa doutrina pode ser vista em Salmos 9:17, Daniel 7:9,10 e Isaías 66:24. No Novo Testamento, o Juízo eterno é revelado em Apocalipse 20:11-15; este é o chamado “Julgamento Final” ou “Juízo Final” ou, ainda, o “Juízo do Trono Branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo.

Estes princípios eram ensinados no judaísmo e eram preparatórios para a vinda de Cristo. Os cristãos não deveriam satisfazer-se com isso, mas avançar para a revelação mais completa que tinham agora em Cristo. Os cristãos destinatários são incitados a passar da sombra para a substância, do tipo para o antítipo, da casca para a semente, das formas mortas da religião de seus ancestrais para as vivas realidades de Cristo.

II. A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério” (Hb.6:4-6).

1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado. Apostasia deriva-se da expressão grega “apostásis”, que significa afastamento. Para o cristão, apostasia significa abandonar a fé cristã de forma consciente e deliberada. Então, para que haja apostasia é necessário que a pessoa tenha experimentado o novo nascimento, e de forma consciente e deliberada, abandona a fé e passa a negar toda verdade por ela experimentada. Ninguém pode abandonar aquilo que nunca teve. Crente salvo pode cometer apostasia; crente não salvo, não pode, pois ele não pode abandonar o que nunca teve.

Os cristãos hebreus foram iluminados através da revelação de Deus em Cristo (Hb.6:4); experimentaram o dom celestial, o Espírito Santo, e a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro (Hb.6:4,5); o evangelho de Cristo foi pregado entre eles com toda manifestação de poder e milagres. Para essas pessoas, caso se desviassem, seria impossível serem renovadas outra vez para arrependimento, uma vez que deliberadamente rejeitariam a Cristo, declarando que a sua crucificação não possuía mais o sentido que antes lhe atribuíam. O escritor aos Hebreus sentiu bem de perto o perigo que aqueles crentes nessas circunstâncias enfrentavam, por isso os advertiu.

Quando o cristão estaciona na fé e não se aprofunda no conhecimento das coisas de Deus, corre o risco de ser levado por ventos de doutrinas (Ef.4:14) e apostatar, vindo a perder-se eternamente por não se arrepender.

2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito. Diz o autor da Epístola: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus...” (Hb.6:4,5). Aqui, o autor afirma que a possibilidade de decair da graça é posta para aqueles que “uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus" (Hb.6:4,5). Segundo o autor, para essas pessoas é impossível renovar para o arrependimento (Hb.6:6).

- Uma vez essas pessoas tinham sido iluminadas. Tinham ouvido o evangelho da graça de Deus. Não estavam na escuridão no que diz respeito ao caminho da salvação. Judas Iscariotes tinha sido iluminado, mas rejeitou a luz.

- Essas pessoas provaram o dom celestial. O Senhor Jesus é o dom celestial. Essas pessoas o tinham provado, mas nunca o receberam por um ato de fé definitivo. É possível provar sem comer e beber. Quando os soldados ofereceram a Jesus crucificado vinho misturado com fel, ele provou, mas não bebeu (Mt.27:34). Não é o suficiente provar Cristo se não “comermos a carne do Filho do Homem e bebermos o seu sangue”; ou seja, não temos vida em nós mesmos, a menos que verdadeiramente o recebamos como Senhor e Salvador (João 6:53).

- Essas pessoas tinham se tornado participantes do Espírito Santo. Os crentes tornam-se participantes da vocação celestial (Hb.3:1); participantes de Cristo (Hb.3:14) e, dessa forma, participantes do Espírito Santo (Hb.6:4). Somente os nascidos de novo participam do Espírito Santo (João 14:17). Portanto, trata-se de uma advertência para os salvos.

- Essas pessoas tinham provado a boa Palavra de Deus (Hb.6:5). Quando ouviram a pregação do evangelho, elas foram atraídas por ela. Eram como a semente que caiu sobre o solo rochoso: ouviram a Palavra e imediatamente a receberam com alegria, mas não tinham raiz. Elas perseveraram por um tempo, mas, quando surgiu a tribulação ou perseguição por causa da Palavra, essas pessoas prontamente a abandonaram (Mt.13:20,21).

3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino. Esses crentes, aos quais o autor se referia, também experimentaram “e provaram...as virtudes do século futuro” (Hb.6:5). Na Bíblia Almeida Revista e Atualizada está escrito que esses crentes tinham provado “os poderes do mundo vindouro”. “Poderes” aqui significa “milagres”. O mundo vindouro é o período do milênio, a futura era de paz e prosperidade quando Cristo reinará sobre a Terra por mil anos. Os milagres que acompanharam a pregação do evangelho na primeira fase da Igreja (Hb.2:4) foram uma antecipação dos sinais e das maravilhas que acontecerão no Reino de Cristo. Esses crentes tinham testemunhado esses milagres no século I; devem ter participados deles de fato. Veja, por exemplo, os milagres dos pães e dos peixes. Depois de Jesus ter alimentado milhares de pessoas, o povo o seguia para o outro lado do mar. O Salvador percebeu que, embora tivessem provado um milagre, eles realmente não acreditavam nele. Ele lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes os sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes” (João6:26). Quem despreza a graça de Deus, não se torna um "cidadão real" do Reino de nosso Jesus Cristo.

Portanto, para aquelas pessoas que caíram depois de desfrutar os privilégios enumerados em Hb.6:4,5, é impossível outra vez renová-los para arrependimento. Eles cometeram o pecado da apostasia. Não é porque Jesus não sinta o desejo de salvá-los, mas porque suas mentes estão cauterizadas de tal maneira que não mais sentirão nenhum desejo de se arrepender dos seus pecados e seguir a Cristo. Na verdade, essas pessoas de novo crucificaram o Filho de Deus e o expuseram ao vitupério (cf. Hb.6:6). Essas pessoas mostraram desprezo por Cristo através de suas ações deliberadas. Seria como crucificar pessoalmente a Cristo outra vez. Essas pessoas nunca poderão ser restauradas porque elas não desejarão ser restauradas. Elas escolheram endurecer seus corações contra Cristo. Não é impossível que Deus as perdoe; antes, é impossível que sejam perdoadas, porque não se arrependerão de seus pecados; “Elas alcançaram o lugar onde as luzes se apagam no caminho para o inferno” (William Macdonald).

Portanto, para os cristãos hebreus, e também para os cristãos da atualidade, Hebreus 6:4-6 revela o perigo de abandonar de forma deliberada e consciente a fé em Cristo Jesus e, dessa maneira, cometer a apostasia. Aqueles que rejeitarem a Cristo não serão salvos - “Quem crer...será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16). Cristo morreu uma vez por todos aqueles que creem. Ele não será crucificado outra vez.

III. A NECESSIDADE DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS

1. O serviço cristão e a justiça de Deus. Após o autor argumentar fortemente que não se pode brincar com a fé, agora ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse "tratamento de choque" (Hb.6:9,10).

“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho da caridade que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis”.

- “Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos”. As duras advertências são agora equilibradas com uma nota consoladora. O autor garante aos cristãos destinatários que as terríveis advertências de tragédia e perda espiritual não serão, felizmente, decretadas contra os crentes hebreus. Todavia, eles deveriam avançar em sua fé cristã. Eles não podiam ser preguiçosos, mas agora deveriam prosseguir. A frase “de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação” refere-se à nova Aliança, em comparação à Antiga. As “coisas melhores” estão na nova Aliança, através de Jesus Cristo. Não haveria motivo para voltar às “coisas antigas” do judaísmo que não poderiam trazer a salvação.

- “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho da caridade que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis” (Hb.6:10).Aqui, o autor argumenta que, embora o crente possa não receber um galardão e aplausos imediatamente neste mundo, Deus conhece os esforços que são feitos por amor e no trabalho de Deus; Ele não se esquecerá do trabalho árduo que cada crente faz por Ele e para Ele. Aos crentes fiéis no serviço de Deus, em sua justiça, Ele os recompensará; mesmo não recebendo o reconhecimento dos homens, teremos o reconhecimento de Deus. Um exemplo de trabalho árduo, que os cristãos hebreus realizavam, era o cuidado deles por outros cristãos. O que os crentes fazem por outros é feito para Deus (cf. Mt.25:35; Rm.12:6-18; 1João 4:19-21). As boas obras não garantem a salvação, mas a salvação muda a vida do povo de Deus, levando-o a fazer boas obras.

2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus. Após encorajar os destinatários a imitarem outras pessoas fiéis, o autor ofereceu um exemplo do Antigo Testamento que valeria a pena imitar por causa da fé e da paciência: Abraão. Os cristãos podiam confiar nas promessas de Deus porque Abraão confiou e foi recompensado.

 “Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança; para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas. Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei. E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa” (Hb.6:11-15).

Deus havia feito uma promessa a Abraão, que está registrada em Gênesis 22:17: “Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei”. Não era realmente necessário para Deus jurar que Ele manteria a sua promessa, porque Deus não pode mentir ou quebrar a sua Palavra. No entanto, Deus fez a promessa, jurando pelo maior padrão e com a maior responsabilidade possível – “jurou por si mesmo”. Abraão não poderia ter recebido uma garantia maior do que esta. Abraão esperou “com paciência” a promessa, e esta paciência foi recompensada. A espera paciente de Abraão durou vinte e cinco anos – da época em que Deus lhe prometeu um filho (Gn.17:16) até o nascimento de Isaque (Gn.21:1-3).

Pelo fato de as nossas aflições e tentações serem frequentemente muito intensas, elas parecem durar uma eternidade. Tanto a Bíblia Sagrada quanto o testemunho de cristãos maduros nos encorajam a esperar que Deus aja em seu tempo certo, mesmo quando as nossas necessidades parecem grandes demais para que possamos esperar. Toda promessa de Deus tem a garantia de cumprimento, como se ela já tivesse se realizado; assim sendo, podemos confiar em Deus.

3. Cristo, sacerdote e precursor do crente. “À qual temos como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb.6:19,20).

A confiança nas promessas de Deus não só nos mantém seguros, mas nos conduz através da cortina do Céu, levando-nos ao interior do “véu” de Deus. O interior do “véu” refere-se ao Santo dos Santos, no Templo judeu. Uma cortina era posta na entrada desse ambiente, impedindo que alguém entrasse, ou até mesmo que tivesse um rápido vislumbre do interior do Santo dos Santos, onde Deus residia entre o seu povo. O sumo sacerdote podia entrar ali apenas uma vez por ano (no Dia da Expiação), para ficar diante da presença de Deus e expiar os pecados de toda a nação. Mas Jesus já entrou ali em nosso favor, como nosso precursor, abrindo o caminho para a presença de Deus através de sua morte na cruz. A sua morte rasgou a cortina em duas partes (Mc.15:38), permitindo que os crentes entrem diretamente na presença de Deus.

Aquilo que somente o sumo sacerdote podia fazer anteriormente, Cristo fez e permite que nós façamos também. Deste modo, a obra sumo sacerdotal de Cristo foi diferente da obra de qualquer outro sacerdote. Os outros sacerdotes tomavam os sacríficos dos outros e os representavam na presença de Deus. Agora, através de Cristo, podemos nos aproximar do trono com confiança (Hb.10:19). Seu sacerdócio eterno garante nossa preservação eterna. Assim como seguramente fomos reconciliados com Deus por sua morte, também somos salvos pela sua vida como nosso Sumo sacerdote à direita de Deus (Rm.5:10). Não é exagero dizer que o mais simples cristão sobre a terra tem a certeza do Céu como os santos que ali estão.

CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto, temos plena consciência de que há uma imperiosa necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da fé. Aqueles que têm a experiência gloriosa da salvação precisam cuidar-se para não caírem no engano do Diabo. É indescritível o prejuízo de quem se apostata da fé, negando a eficácia do sangue de Cristo para a salvação dos pecadores. Tais desafortunados podem chegar à situação de arrependimento impossível, e se perderem eternamente. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Sacerdócio eterno de Cristo. PortalEBD_2008.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Paciência, o fruto da perseverança. PortalEBD_2005.


FONTE: http://luloure.blogspot.com.br/

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

SUPREMACIA DE CRISTO EBD 1 TRIMESTRE 2018 CPAD


Aula 04 – JESUS É SUPERIOR A JOSUÉ – O MEIO DE ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS


1º Trimestre/2018

Texto Base: Hebreus 4:1-13

"Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência" (Hb.4:11).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo acerca da Supremacia de Cristo, revelada na Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 4. Tendo mostrado que Jesus é superior ao grande líder Moisés, o autor passou para um outro grande líder do povo de Deus, Josué. Este foi incumbido da grande missão de conduzir o povo à Terra Prometida pelo caminho determinado por Deus. Todavia, o final do capítulo 3 de Hebreus explica que os israelitas que se rebelaram contra Deus nunca entraram “no seu repouso” (referindo-se à Terra Prometida, mencionada em Hb.3:18,19). A incredulidade e a desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o povo não vivesse as promessas de Deus em sua plenitude. O autor aos Hebreus receava que o mesmo processo estivesse se repetindo agora com os crentes da Nova Aliança, e pelas mesmas razões. A única forma de voltar para a corrida e completar o percurso, entrando no descanso de Deus, era observando a sua Palavra. O servo de Deus Josué conduziu Israel para a Terra Prometida, contudo ele não proporcionou o verdadeiro “repouso” de Deus (cf. Hb.4:8). Alguém maior do que Josué realizou essa obra gloriosa, seu nome: Jesus Cristo. Ele proveu um descanso celestial, eterno e completo para a Igreja.

I. JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ

1. Uma mensagem que deve ser recebida pela fé. “Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb.4:2). Aqui, o autor afirma que as boas-novas foram pregadas a seus contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb.4:2). Os israelitas ouviram a mensagem de “boas novas”, mas não a receberam com fé. A razão pela qual muitos não entraram no “repouso”, ou seja, em Canaã, é que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram”. Aí, vemos a importância da fé para a salvação. A Bíblia assevera que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Hoje, em todo o mundo, é grande a provocação ao Senhor; os ímpios estão em rebelião aberta e declarada contra Deus. Infelizmente, também há crentes que ouvem a Palavra nas igrejas, mas preferem continuar desobedecendo aos preceitos do Senhor. Isso é muito perigoso, pois desobediência à Palavra de Deus é o maior de todos os pecados!

2. Uma mensagem que se fundamenta na obediência. “E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência” (Hb.4:5,6). Aqui, o autor mostra a razão de alguns não terem entrado no descanso de Deus: a desobediência. “A desobediência é a manifestação ativa da incredulidade”. Os israelitas ouviram, mas não obedeceram. Segundo cálculos razoáveis, os israelitas tirados do Egito pela poderosa mão de Deus foram cerca de três milhões de pessoas. Somente os homens de guerra somavam 600.000 (Êx.12:37); desses, só entraram em Canaã, dois: Josué e Calebe (Dt.1:36,37). Por causa da desobediência e da incredulidade, o juízo de Deus foi derramado sobre os israelitas no deserto, impedindo-os de chegar à Terra Prometida. Ter grandes líderes, como Moisés, Josué, e Calebe, não encobre a incredulidade e a rebelião do povo.

O povo de Deus, que tinha visto grandes milagres no êxodo do Egito, jamais entrou no repouso de Deus. O pecado do povo não só impediu que eles possuíssem a terra, como também impediu que eles tivessem uma intima comunhão com Deus. Devemos ter cuidado para não acreditarmos que somos cristãos só porque pertencemos a uma igreja boa, ou porque temos uma boa família cristã. Os israelitas, o povo escolhido de Deus, não entraram por causa da desobediência a Deus. Mas isto não significa que o lugar de repouso de Deus não exista mais. Ele ainda está à nossa espera, à espera do povo de Deus. Lembre-se: a mensagem de Deus só tem proveito quando acompanhada pela obediência.

3. Uma mensagem que conduz à contrição. “Determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb.4:7,8). A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos. A humanidade não perdeu a sua chance de salvação com o fracasso de Israel, mas o autor da Epístola, em epígrafe, outra vez advertiu seus destinatários a não endurecerem os seus corações. A frase, “determina, outra vez, um certo dia”, significa que o tempo de repouso chegará, e de fato já chegou, porque o tempo é “Hoje”.

II. JESUS PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ

1. Um descanso total. “Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia” (Hb.4:8). Na época em que o Salmo 95 foi escrito (e ele foi parcialmente citado em Hb.4:7), ninguém tinha entrado no repouso completo de Deus. Muitos judeus podem ter acreditado que já haviam recebido o repouso de Deus, por habitarem na terra de Canaã. Mas o autor argumenta que isso não pode ser assim. Josué e os israelitas estabeleceram-se em Canaã e realmente alcançaram períodos de paz e prosperidade. Contudo, se este tivesse sido o repouso prometido de Deus, “não falaria, depois disso, de outro dia” de repouso. Em outras palavras, não teria havido nenhuma necessidade desta renovação da promessa registrada aqui, do Salmo escrito por Davi. Se Deus pretendesse ter apenas um reino terreno, Ele não teria prometido um “outro dia”. Portanto, o repouso não estava na terra, mas no Reino eterno de Deus. O autor de Hebreus mostra que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada ficou para ser conquistado.

2. Um descanso real. Hebreus 4:8, diz: "Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia". A conquista de Canaã era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade. Alguns israelitas, é claro, entraram em Canaã com Josué. Mas nem esses desfrutaram do descanso final que Deus preparou para os que o amam. Havia conflito em Canaã, além de pecado, doenças, dores, sofrimento e morte. Se eles tivessem aproveitado a promessa de descanso, Deus não o teria oferecido de novo na época de Davi.

Josué liderou os israelitas a entrar na terra da promessa e do descanso, mas nem mesmo Josué poderia garantir aos israelitas o verdadeiro descanso de Deus. O autor aos Hebreus exorta seus leitores a entrarem no descanso superior, real, que Deus prometeu, e que o Josué do Novo Testamento, Jesus Cristo, torna possível.

3. Um descanso eterno. Os versículos anteriores culminaram nesta conclusão: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb.4:9). Aqui, o autor usa para “repouso” o termo grego “sabbatismos”, relacionado à palavra “Sabbath”. Este tipo de repouso é diferente do que os israelitas esperavam. Este repouso refere-se ao que Deus fez quando terminou a criação. “Resta ainda” este repouso. Ele ainda não foi realizado. Ele se refere ao eterno repouso que será desfrutado por todos os remidos pelo precioso sangue de Cristo. Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no Céu (João 14:1-3). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra; significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar eterna glória, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap.21:22). Glórias a Deus!

III. JESUS PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).

Deus sabe se fazemos ou não todos os esforços possíveis (Hb.4:11), e se temos ou não verdadeiramente chegado à fé em Cristo; “não há criatura alguma encoberta diante dele” (Hb.4:13). Podemos enganar a nós mesmos ou a outros cristãos no tocante à nossa vida espiritual, mas não podemos enganar a Deus. Ele sabe quem nós realmente somos porque a Palavra de Deus é viva e eficaz. A Palavra de Deus não pode ser desprezada nem desobedecida. Os israelitas que se rebelaram aprenderam da maneira mais difícil que, quando Deus fala, eles devem ouvir. Ir contra Deus significa encarar o juízo e a morte eterna.

1. A Palavra é viva. A Palavra de Deus é constante e efetivamente viva. A Palavra de Deus é viva, transforma vidas, e é dinâmica quando opera em nós. As exigências da Palavra de Deus requerem decisões. Nós não só a ouvimos, mas deixamos que ele molde a nossa vida. Pelo fato de a Palavra de Deus ser viva, ela aplicava-se aos cristãos judeus do século I, como também se aplica aos cristãos de hoje. A maioria dos livros pode se parecer com artefatos empoeirados colocados simplesmente sobre uma estante, mas a Palavra de Deus, reunida nas Escrituras, vibra com vida.

A Palavra de Deus não se constitui de meras argumentações humanas ou filosóficas, que atingem o intelecto, mas não penetram no coração, no mais íntimo do ser humano; Ela é viva, poderosa e vivificante. Jesus afirmou: “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (João 6:63). Somente Jesus tem palavras de vida eterna (João 6:68).  

2. Uma palavra eficaz. A palavra de Deus é cheia de poder, enérgica; produz vida - "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre" (1Pd.1:23). A Palavra produz resultados: "assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei" (Is.55:11). Ninguém ouve a Palavra de Deus sem ser alcançado por seus resultados. Quem ouve e crê “tem a vida eterna” (João 5:24). Quem ouve e não crê “já está condenado” (João 3:18).

3. Uma palavra penetrante. A Palavra de Deus penetra até o ponto de dividir a alma e espírito, duas partes indivisível e não materiais do ser humano; Ela não fica na superfície, mas vai até o centro do ser humano. Ela revela o que está em nosso interior, no mais profundo de nosso ser. Sendo “espírito e vida”, a Palavra de Deus atinge a parte sensorial do homem. O espírito, a alma e o corpo são alcançados pelo poder penetrante da Palavra divina. Por quê? Quando o homem ouve a Palavra e crê, no seu interior ocorrem modificações extraordinárias que beneficiam inclusive o funcionamento orgânico do seu corpo. Ela penetra “juntas e medulas”: as juntas, permitem os movimentos externos; as medulas, escondidas, mas vitais para os ossos. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué, e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a Palavra de Deus. 

4. Ela discerne pensamentos e intenções. A Palavra de Deus é apta para discernir, isto é, ela é perspicaz e com senso de juízo quanto aos “pensamentos e propósitos do coração”. É a Palavra que nos julga; não somos nós que julgamos a Palavra de Deus; Ela revela o que realmente somos por dentro. Nada pode ser escondido de Deus; também não podemos nos esconder de nós mesmos, se estudarmos sinceramente a Palavra de Deus. Ela alcança o nosso interior atravessando a nossa vida exterior, assim como uma espada atravessa a pele.

Muitos filósofos, com seu intelectualismo frio e racionalista, têm confundido os homens afastando-os ainda mais do seu Criador. A Bíblia, no entanto, sendo a Palavra de Deus, tem transformado a vida de inúmeras pessoas, elevando-as à condição de salvas e remidas pelo sangue de Jesus. Em Hb.4:13 o escritor adverte que diante do poder penetrante da Palavra de Deus, “não há criatura alguma encoberta diante dEle”, e todas as coisas estão “nuas e patentes aos Seus olhos”, ou seja, não há nada velado diante do Todo-Poderoso. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Deus tem prometido um lugar de descanso celestial para seu povo, em sua presença, na eternidade. Para chegarmos lá, só precisamos ser fiéis, obedientes e santos. Em nossa jornada, temos como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Não permitamos que fatores adversos interrompam a nossa jornada de fé, assim como aconteceu com o povo de Israel em sua jornada no deserto. É bom lembrar que o deserto não é apenas algum momento de dificuldades que passamos na vida, mas é a nossa trajetória rumo ao nosso repouso. Se não atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus, teremos dificuldades imensas para atingirmos o alvo: o repouso celestial.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

FONTE: http://luloure.blogspot.com.br/

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

VIOLENCIA DENTRO DA IGREJA



Fiel é assassinado a tiros durante culto da Assembleia de Deus; Outros dois ficaram

feridos

De acordo com informações do portal JC Online, a igreja soltou uma nota informando que o fiel assassinado chamava-se Elias Pereira de Lira e frequentava os cultos há três meses.
“Estava em busca de [se] recuperar [de] sua vida pregressa”, diz nota da igreja. “Como a casa de Deus, a igreja tem o de ver de receber todos aqueles que buscam transformação de vida”, acrescenta o texto.
Lira morreu no local, enquanto o outro fiel atingido e encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá, no Recife. Uma adolescente de 14 anos também foi baleada e levada para o Hospital Otávio de Freitas, também na zona oeste da capital pernambucana.
Uma fonte policial revelou que Lira já havia sofrido um atentado contra sua vida dias antes, no início do ano. O caso está sob investigação comandada pelo delegado Paulo Dias, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
A Assembleia de Deus do bairro dos Estados, em Camaragibe, se colocou à disposição para ajudar a Justiça com todos “os esclarecimentos necessários” a respeito do ocorrido dentro do templo.
FONTE: https://noticias.gospelmais.com.br/fiel-assassinado-tiros-culto-assembleia-deus-94933.html

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

EBD SUPREMACIA DE CRISTO AULA 3


Aula 03 – A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS


1º Trimestre/2018


Texto Base: Hb.3:1-19

"Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou" (Hb.3:3).

 INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o discurso, que o autor da Epístola aos Hebreus faz questão de relatar aos destinatários da Epístola. A superioridade de Jesus em relação a qualquer ser humano ou dos anjos é tão óbvia que, certamente, seria dispensável falar sobre esse assunto. De imediato, podemos dizer que Jesus foi o criador de todos as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis (Gn.1:26; João 1:3; Cl.1:16). Portanto, o contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo, Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão celestial, eterna. Na Antiga Aliança, Moisés é considerado um grande profeta pelos israelitas, mas, na Nova Aliança, Jesus é superior a Moisés, pois encarnou-se tomando a forma humana, ou seja, tornou-se o Emanuel - “Deus entre nós” -, concedendo a gloriosa e eterna salvação para todos os que nEle creem.

I. UMA TAREFA SUPERIOR

1. Uma vocação superior. “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial...” (Hb.3:1). O ator dirige estas palavras aos destinatários da Epístola, a quem chama afetuosamente de irmãos santos; o autor afirma que eles não foram apenas um povo nômade pelo deserto escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação superior, a celestial.

A vocação celestial está em contraste com a vocação terrena de Israel. Os santos do Antigo Testamento foram chamados para bênçãos materiais na terra prometida (embora eles também tivessem a esperança celestial). Na era da Igreja, os cristãos são chamados para as bênçãos espirituais no céu agora e para uma herança celestial no futuro. Os destinatários da Epístola não deveriam ter dúvida alguma de que Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena.

2. Uma missão superior. “[...] considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Observe que o autor usa a palavra apóstolo em relação a Jesus. A palavra apóstolo se refere a alguém que é comissionado como um representante autorizado. Segundo o antigo concerto, Moisés era o apóstolo, isto é, o enviado por Deus, com a sua autoridade, para uma missão especial: conduzir o povo de Deus à Terra Prometida; todavia, a missão de Jesus é muito superior: conduzir o povo de Deus da Nova Aliança (Igreja) à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, ou seja, a Canaã terrena, porém, a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Portanto, uma missão muito superior.

Deus enviou Jesus à Terra como um Mensageiro. Ele veio, entregando a mensagem de Deus para as pessoas. Confessando-o como Apóstolo, queremos dizer que ele representa Deus para nós. Ele é o Apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos conduzir ao destino eterno.

3. Uma mediação superior. “[...] considerai a Jesus Cristo... sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Depois de afirmar que Jesus era "o Apóstolo", o autor também diz que Ele é o "Sumo Sacerdote da nossa confissão". Após cumprir a sua missão como Apóstolo de Deus, Jesus voltou ao Céu como o nosso Sumo Sacerdote. Ele veio entregando a mensagem de Deus para as pessoas, e retornou levando as pessoas de volta a Deus. Jesus agora serve como o mediador entre as pessoas e Deus (1Tm.2:5). Portanto, a mediação de Jesus é em tudo superior ao sistema mosaico e levítico. Cristo é o mediador da nossa confissão. Ao confessá-lo como Sumo Sacerdote, dizemos que ele nos representa diante de Deus.

É somente através de Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb.7:25), confiando na sua morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo forças e misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades. Não dedemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa vida, dirigindo-se-lhe orações. Por que? “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm.2:5).

 II. UMA AUTORIDADE SUPERIOR

“Hebreus destaca o Senhor Jesus como o construtor da Nova Aliança; o Filho amado de Deus; o ministro excelente da Igreja de Deus”.

1. Construtor, não apenas administrador. “Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” (Hb.3:2). Há um aspecto no qual Cristo era reconhecidamente similar a Moisés. Ele foi fiel a Deus, assim como também o era Moisés em toda a casa de Deus. A casa, aqui, não significa apenas o tabernáculo, mas também toda a esfera onde Moisés representou os interesses de Deus; essa casa é Israel, o povo de Deus no Antigo Testamento. Mas aí acaba a semelhança. Em todos os outros aspectos, há uma superioridade indiscutível:

- Primeiro, o Senhor Jesus era o Construtor da casa de Deus. O Senhor Jesus é digno de tanto maior glória do que Moisés, assim como o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. O Senhor Jesus era o construtor da casa de Deus, Moisés era apenas parte da casa.

- Segundo, Jesus é superior porque é Deus – “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (Hb.3:3). Toda casa deve ter um construtor. Aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus. De João 1:3, Colossenses 1:16 e Hebreus 1:2,10, sabemos que o Senhor Jesus foi agente ativo na criação. A conclusão é inevitável: Jesus Cristo é Deus.

- Terceiro, Jesus Cristo é superior como Filho. Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo (Nm.12:7), apontando aos homens o Messias que viria. Ele era testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas, isto é, as boas-novas da salvação em Cristo. Foi por isso que Jesus disse uma vez: “Porque, se, de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito” (João 5:46). Em seu discurso aos discípulos no caminho de Emaús, Jesus “começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc.24:27).

2. O perigo de ver, mas não crer. "[...] E viram, por quarenta anos, as minhas obras"(Hb.3:9). Os destinatários da Epístola aos Hebreus conheciam bem a história de Israel. A geração que deixou o Egito tinha testemunhado milagres espantosos, contudo tinha perdido a fé em Deus. Eles estavam prestes a entrar na Terra prometida, mas ficaram com medo do relatório dos espias, que falava de cidades muradas e homens gigantes. Naquele ponto, eles rebelaram-se, endurecendo os seus corações, recusando-se a confiar que Deus os ajudaria a tomar a terra que Ele lhes havia prometido (Nm.13:26-14:38). A incredulidade deles os impediu de receber as recompensas e bênçãos que Deus tinha para eles. Embora Deus os tivesse resgatado miraculosamente do Egito e tivesse demonstrado o poder e o cuidado que Ele dedica ao seu povo, esse povo desobedeceu a Deus. Não somente naquele momento, mas durante todos os quarenta anos de peregrinação no deserto, o povo constantemente testava a paciência de Deus. Ele continuava a operar milagres em favor deles; eles continuavam a endurecer os seus corações contra Ele.

Os destinatários originais da Epístola aos Hebreus estavam prestes a abandonar a Cristo e retornar ao judaísmo. O texto de Hb.3:9 os lembrava das consequências de endurecer os seus corações contra Deus, usando o exemplo de seus ancestrais. Esperava-se que estes cristãos aprendessem com os erros de seus antepassados. Os crentes são advertidos: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação” (Hb.3:15). Corações endurecidos pode ser o resultado da desobediência, da rebelião, da falta de confiança, da negligencia em relação à adoração, da recusa a se sujeitar, e da ingratidão pelo que Deus tem feito por nós.

3. O perigo de começar, mas não terminar. “Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Hb.3:10,11).

Neste texto o autor mostra o perigo de começar bem, mas não chegar; de andar, mas se desviar. O povo de Israel havia começado bem, mas terminado mal. Milhares não entraram no repouso do Senhor. É bom saber que Deus não ignora o pecado; o Senhor age contra Israel e o pune. Deus indignou-se porque Israel sempre errava em seu coração. O povo continuamente se desviava de Deus em suas atitudes, pensamentos e crenças. Se os corações do povo tivessem honrado a Deus, eles teriam confiado em Deus e entrado na Terra Prometida. Mas a sua rebelião levou ao castigo. Os israelitas perderam a chance de entrar na Terra Prometida quando Deus disse: “Não entrarão no meu repouso”.

Para o povo de Israel, o repouso era a Terra Prometida. Para nós cristãos, o repouso significa a nossa futura vida eterna com Cristo (Hb.4:8-11). Infelizmente, muitos cristãos começaram bem, mas correm o risco de caírem e perderem a fé. Precisamos aprender com o poro de Israel, no passado. Deus exige de nós fé e fidelidade. O Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinitivamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia. Existe um ponto do qual não há retorno (Hb.3:10). Deus adverte claramente em Provérbios 29:1 “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura”. Pense nisso!

III. UM DISCURSO SUPERIOR

1. O perigo de ouvir, mas não atender. “Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Hb.3:7-11).

Aqui, o autor insere uma severa advertência contra o endurecer do coração. Esse fenômeno aconteceu com Israel no deserto e poderá acontecer de novo. Seguindo a redação da Septuaginta (tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95:7-11. Assim, o Espírito Santo ainda fala por meio deste salmo, como fez quando o inspirou pela primeira vez: “hoje, se ouvires a sua voz”. Mas, há o grande perigo de ouvir e não atender, como aconteceu com o povo de Deus no Antigo Testamento, e era isto que o autor de Hebreus estava querendo alertar os destinatários da Epístola.

Toda vez que Deus fala, devemos estar prontos para ouvi-lo. Duvidar de sua Palavra é chamá-lo de mentiroso e, consequentemente, enfrentar sua ira.

Com Israel, no deserto, houve um deprimente registro de reclamações, cobiça, idolatria, descrença e rebelião. Em Refidim, por exemplo, o povo se queixou da falta de água e duvidou da presença de Deus em seu meio (Ex.17:1-17). No deserto de Parã, quando os espias descrentes retornaram com um relato pernicioso de desanimo e dúvidas (Nm.13:25-29), o povo decidiu que deveria voltar para o Egito, o país de sua escravidão (Nm.14:4). Deus ficou tão indignado que decretou que o povo deveria vagar quarenta anos pelo deserto (Nm.14:33,34). Dentre todos os soldados que saíram do Egito, de vinte anos para cima, apenas dois entrariam na terra de Canaã: Josué e Calebe (Nm.14:28-30). É significativo que assim como Israel passou quarenta anos no deserto, o Espirito Santo lidou com a nação de Israel por cerca de quarenta anos após a morte de Cristo. A nação endureceu seu coração contra a mensagem de Cristo. Consequentemente, em 70 d.C., Jerusalém foi destruída, e o povo espalhado entre as nações gentias.

- “Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”(Hb.3:10). O grande desagrado de Deus com Israel no deserto trouxe este anúncio severo. Deus acusou Israel de eterna propensão a se afastar dele e de ignorância voluntária de seus caminhos. Em sua ira, ele jurou que não entrariam em seu descanso, ou seja, na terra de Canaã.

Hoje, milhares de cristãos passam por uma perigosa onda de indisciplina. Por isso, eles correm o grande perigo de ouvir, mas não atender ao apelo; o perigo de ver, mas não crer na revelação; o perigo de começar, mas não terminar a jornada.

A voz de Deus, nos dias de hoje, ainda é bastante audível, e essencial, dirigida ao povo da nova Aliança: “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração”. É um apelo que Deus faz ao seu povo, porque muitas vezes demonstra ser tardio para ouvir. A advertência é clara: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:12,13).

3. Um coração mau e infiel. Outra advertência é dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que neles não houvesse um coração mau e infiel, que viesse afastá-los do Deus vivo:

Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Hb.3:12).

O verbo afastar, no texto, é “apostenai” (gr.), palavra que dá origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino:

Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:13).

Muitos, por falta de orientação e advertência/exortação, endurecem o coração para Deus, desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão espiritual” e outras invencionices [LBM. 3º trimestre_2001].

4. Como nos tornamos participantes de Cristo – “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” (Hb.3:14). O texto nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que Jesus asseverou: “..., mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.10:22). A pessoa só alcança a salvação plena quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo” (Rm.8:23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o apóstolo Paulo em 2Tm.4:7 [LBM. 3º trimestre_2001].

CONCLUSÃO

“A superioridade de Jesus em relação a Moisés é incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus, nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão” [LBM. 3º trimestre_2001].

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

FONTE: http://luloure.blogspot.com.br/