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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

ESCOLA BÍBLIA DOMINCAL 2016 CPAD


Aula 01 - ESCATOLOGIA, O ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS

1º Trimestre/2016
 
Texto Base: Mateus 24:4,5,11-13; 1Tessalonicenses 1:10
 
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3:1).
INTRODUÇÃO
Após estudarmos sobre “O Começo de Todas as Coisas – estudo sobre o Livro de Gênesis”, estudaremos no 1º Trimestre letivo de 2016 sobre “O Final de Todas as Coisas – Esperança e Glória paras os Salvos”. É um tema fundamental e urgente para a Igreja, em especial nos dias atuais, os quais denunciam que a volta do nosso Senhor está às portas.
Teremos uma grande oportunidade de reavivarmos entre os crentes o interesse pelas coisas que brevemente hão de acontecer, e nos conscientizarmos de que devemos a cada instante nos preparar para encontrar com o nosso Senhor Jesus nos ares. Quando os discípulos ficaram perplexos, olhando para o céu, após a ocultação da figura física de Jesus, de imediato o Senhor mandou dois anjos para lembrá-los que aquele Jesus que acabara de retornar ao Lar celestial, haveria de voltar da mesma forma que havia subido para glória (At 1:11). Essa atitude divina de relembrar os discípulos à cerca das promessas de Jesus sobre a sua volta revela-nos quão importante para a vida espiritual de cada crente é o estudo das profecias bíblicas ainda não cumpridas, daquilo que brevemente há de acontecer. Como diz o hino 300 da Harpa Cristã, “Nossa Esperança é Sua Vinda”. Sem a perspectiva da volta de Cristo, não há esperança para o crente, não há sentido em nossa vida espiritual, a nossa adoração a Deus perde a razão de ser. Não é, pois, por outro motivo, que o adversário tem procurado, de todas as formas, retirar dos púlpitos a mensagem em torno deste assunto, como também levantado inúmeras pregadores liberais, seitas e heresias, cujo intento é, prioritariamente, alterar e distorcer verdades a respeito da doutrina das últimas coisas, visando, assim, estabelecer um ambiente de confusão e de desesperança entre os crentes. “Sede sóbrios e vigiai em oração”(1Pe 4:7) - é a recomendação atemporal das Escrituras Sagradas.
I. O ESTUDA DA ESCATOLOGIA
“... O Espírito da verdade... vos anunciará as coisas que hão de vir”(Jo 16:13).
1. Definição. Doutrina das Últimas Coisas, também chamada de Escatologia, é o ensino a respeito das profecias relacionadas com o término da dispensação da Igreja e os fatos subsequentes até o final da história humana. O termo Escatologia deriva do grego “eschatos”=último. E “logia”=trato ou estudo. Logo, Escatologia é o estudo (ou tratado) das últimas coisas.
Alguns estudiosos da Bíblia dizem que a Escatologia não abrange apenas os fatos históricos que ainda estão por acontecer, dentro de nossa atual dispensação, mas abrange toda a atividade profética constante das Escrituras, pois, as profecias a respeito da primeira vinda de Jesus, por exemplo, são tão escatológicas quanto as profecias que se referem à sua segunda vinda, uma vez que, nos dois casos, o fato de Jesus já ter vindo a este mundo uma vez não altera a circunstância de que Deus fez as revelações antes que os fatos tenham acontecido, sendo, pois, uma ação divina de igual natureza tanto num caso quanto noutro. Embora até concordemos com este ponto-de-vista, temos que o objeto do estudo deste nosso trimestre diz respeito aos fatos que ocorrerão a partir do instante em que a Igreja se constitui no povo de Deus aqui na Terra, este período de tempo na história humana em que Cristo concluiu a Sua obra de reconciliação entre Deus e o homem e esta boa nova é anunciada a todas as nações, com a plena e livre ação do Espírito Santo sobre a humanidade, pronta a convencê-la dos seus pecados e a fazer prosperar a pregação do Evangelho, que é levada a efeito pela Igreja. Dentro desta perspectiva, vemos que a doutrina das últimas coisas tem como profecia-chave, como elemento de base, a revelação feita por Deus, através do anjo Gabriel, ao profeta e grande estadista Daniel, conhecida como a “Profecia das Setenta Semanas”, que se encontra em Daniel 9:24-27. É a partir desta revelação que se deve estruturar todo o Estudo das Últimas Coisas.
Veja o gráfico escatológico com base nas Setenta Semanas de Daniel:
 


 Jamais poderíamos falar de escatologia sem falar de Israel – descendentes de Abraão (Gn 12:1,2). Os filhos de Israel foram altamente privilegiados como nenhuma outra nação o foi. Deus escolheu a nação israelita para o estabelecimento de seu plano salvífico beneficiando toda a humanidade. Israel é a nação eleita por Deus – “Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra”(Dt 7:6); “...Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos”(Lv 20:24); ”E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel”(Ex. 19:6).
Deus prometeu abençoar o mundo através de Israel – “E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra...” (Gn 22:18).
Deus demonstrou sua presença, seu poder e seu nome (Rm 9:17) - “... Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”.
Porém, Israel falhou e a tudo rejeitou, e as consequências foram trágicas para esse povo:
- Perderam o reino – “Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21:43).
- A casa ficou deserta – “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta” (Mt 23:38). 
- Os ramos foram quebrados – “E se alguns dos ramos foram quebrados...”(Rm 11:17).
- Foram dispersos pelo mundo – “O meu Deus os rejeitará, porque não o ouviram, e errantes andarão entre as nações”(Os 9:17).
A pesar de todas essas punições, Israel é o ponto central da Escatologia Bíblica. Jesus falou: ”Olhai para a figueira”(Lc 21:29). A Figueira, na Bíblia, é um dos símbolos da Nação de Israel. O profeta Jeremias previu o futuro da nação usando dois cestos de figos – ele viu figos bons e ruins – “um cesto tinha figos bons... mas o outro tinha figos muito maus...”(Jr 24:2). Assim como no Novo Testamento o trigo representa a Igreja, também no Antigo Testamento a Figueira representa a nação de Israel entre todas as nações, ou entre todas as “árvores”, conforme o Senhor colocou em sua parábola: “... Olhai para a figueira e para todas as árvores”(Lc 21:29).
2. A escatologia e a volta de Jesus. O estudo da escatologia bíblica mostra que o cristão autêntico tem de estar sempre vigilante em oração (1Pe 4:7), pois a volta de Jesus Cristo pode acontecer a qualquer momento e de forma repentina (Mt 24:44).
Nosso Senhor prometeu várias vezes que viria nos buscar. Quando olhamos textos como o de João 14:1-3, somos consolados e podemos notar o cuidado do Senhor com os seus. Repare que alguns instantes antes, em João 13, Jesus falava sobre a sua morte e os discípulos ficaram preocupados, então o Senhor passa a consolar o coração deles com a promessa da sua vinda. Crer que Jesus morreu e ressuscitou, implica em crer que ele voltará. O próprio cerimonial da Santa Ceia aponta para a sua volta (1Co 11:26).
Todo cristão fiel ao Senhor aguarda ansiosamente a volta de Jesus. Devemos (como os cristãos do primeiro século, apóstolos e os pais da Igreja) viver como se o Senhor viesse hoje! A Bíblia não nos fala quando será à volta de Jesus. O Senhor não revela o dia nem a hora por isso devemos estar vigilantes (Mt 24:33,50; Mc 13:35-37; Lc 21:34-36; 1Ts 5:1-6).
Apesar de não sabermos o exato momento, a Palavra de Deus nos mostra como ocorrerá a Segunda Vinda de Jesus. Podemos notar que à volta do Senhor será em 2 fases distintas: Na Primeira Fase o Senhor virá até as nuvens e a Igreja será arrebatada até ele (1Ts 4:17). Na Segunda Fase, haverá a manifestação gloriosa, física e visível do Senhor Jesus ao mundo, para livrar Israel do poder do Anticristo, julgar as nações e implantar o Milênio (Zc 14:4; Mt 24:30; Ap 1:7). Esta revelação gloriosa ocorrerá 07 anos após o Arrebatamento.
O Arrebatamento e a Revelação gloriosa são dois fatos distintos. No primeiro o Senhor toma para si aqueles que são seus. No segundo ele vem com os seus que foram arrebatados para dar fim à Grande Tribulação, ao Anticristo e a todo o seu exército; julgar as nações e implantar o Milênio (Cl 3:4; Jd 14; Ap 19:11-16).
No arrebatamento da Igreja Jesus não pisará sobre a Terra, a Igreja se encontrará com o Senhor nos ares; o mundo apenas perceberá que algumas pessoas desaparecerão. Somente na segunda fase se dará a manifestação visível do Senhor ao mundo. Portanto, para a Igreja, a volta de Jesus está relacionada com o Arrebatamento; para Israel e para o mundo, está relacionada com o fim da tribulação. Podemos dizer então que a vinda de Jesus à Terra se dará literalmente após a Grande Tribulação.
Em toda a Bíblia vemos a promessa da volta do Senhor; uma das maiores esperanças e consolo para a Igreja (Mt 25:31; 26:64; Lc 19:13; 1Ts 4:17,18; Ap 2:25; 22:12, 20). Esta volta foi predita também: pelos anjos (At 1:10,11); por Enoque (Jd 14,15); pelos profetas (Zc 14:1-9); pelo Senhor no cerimonial da Santa Ceia (1Co 11:26).
II. A PREOCUPAÇÃO COM OS FINS DOS TEMPOS
1. Os discípulos de Jesus. “E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? ” (Mc 13:3). Apenas Marcos informa que a pergunta foi feita por Pedro, Tiago, João e André. A pergunta dos discípulos, na verdade, pode ser desdobrada em três, e demonstra a visão correta que eles tiveram sobre os eventos escatológicos.
a) “Quando serão essas coisas”. Aqui, “essas coisas” falavam daquele tempo presente e estavam relacionadas com a destruição do templo, segundo Jesus havia dito alguns momentos antes, e que, na verdade, ocorreu no ano 70 d.C, quando o templo foi demolido pelo exército romano, que não deixou “pedra sobre pedra”, conforme tinha sido predito por Jesus.
b) “Que sinal haverá da tua vinda”. Isto refere-se à segunda vinda de Jesus. Essa segunda vinda acontecerá, conforme explicamos anteriormente, em duas etapas. Na primeira etapa, o Senhor Jesus virá para a Igreja - é chamada de momento do Arrebatamento da Igreja, que poderá acontecer a qualquer momento (Mt 24:44; 1Co 15:51,52). Na segunda etapa de sua vinda, o Senhor Jesus virá para os Judeus, ou para Israel, pois descerá, de forma visível, no Monte das Oliveiras. Esta segunda etapa é conhecida como o dia da Revelação, pois será visível a todos – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá...”(Ap 1:7).
c) “E do fim do mundo”. É difícil sabermos se naquele momento, Pedro, Tiago, João e André, que até poucas horas antes parecia que estavam ainda sonhando com um reino terreno, entenderam a profundidade e o alcance da pergunta que estavam fazendo, ou se foram inspirados pelo Espírito Santo a fazê-la, a fim de que o Senhor Jesus pudesse descortinar o futuro, em seu grande sermão escatológico.
A pergunta dos discípulos envolvia os acontecimentos daquela época, do nosso tempo e do fim do mundo. Assim, no ano 70 d.C, cumpriu-se uma parte do que eles queriam saber: o Templo foi totalmente destruído, não ficando “pedra sobre pedra”, e os judeus que conseguiram fugir, a partir daquela data, espalharam-se pelo mundo, para somente se fixar de novo naquela terra, como nação, em 1948.
A Segunda parte do que eles queriam saber ainda não se cumpriu - que é aTua Vinda. E, mesmo quando se cumprir, ainda não será o fim do mundo, pois haverá o Milênio. Assim, após os acontecimentos relativos à Tua Vinda, as atividades na terra continuarão, pelo menos, por mais mil anos. Então, ao que parece, virá o fim de todas as coisas!
Infelizmente, muitos não acreditam mais na Segunda Vinda de Cristo. Já no primeiro século algumas pessoas não acreditavam neste glorioso acontecimento. O apóstolo Pedro fala sobre os "escarnecedores", que dizem: "Onde está a promessa da sua vinda?”. Achando que a Palavra de Deus não haveria de se cumprir, por causa da demora em chegar o fim dos tempos (2Pe 3:3,4). Desde aquele tempo, nos primórdios do cristianismo, havia pessoas que não acreditavam na Vinda de Jesus. Os anos se passavam, as décadas decorriam, e não havia sinais da volta do Senhor para reinar com sua Igreja. Imaginem hoje quantos também descreem da volta do Senhor. Há até pastores de igrejas que desacreditam na volta literal do Senhor Jesus, descendo sobre as nuvens para buscar a sua igreja. Ocorre que a Palavra de Deus não pode falhar. Ela é ao mesmo tempo inspirada, revelada e inerrante, pois seu Autor é Deus, por intermédio do Espírito Santo, que transmite a mensagem para a Igreja e para o mundo.
Irmãos, Deus não se guia pelo tempo cronológico, ou kronos (gr.). Ele se guia por seu próprio "tempo", que pode ser traduzido pela palavra grega kairós, que se refere a um "tempo", período ou "era" indeterminados, que não podem ser avaliados ou estabelecidos pela lógica da cronologia humana. Foi por isso que o apóstolo Pedro, numa inspiração profética, referiu-se ao tempo da volta de Jesus de forma bem incisiva e profética, quando escreveu, em sua Segunda Carta, em alusão aos escarnecedores que duvidavam que Jesus voltaria, face os anos decorridos, desde seu retomo para os céus: "Mas, amados, não ignoreis uma cousa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2Pe 3:8). Quem pode entender a mente de Deus? Ninguém. Não se sabe se Ele está usando a equação de mil anos, como um dia, ou de um dia como mil anos.
2. As previsões falsas sobre o futuro. Quantas vezes você ouviu dizer que o mundo ia acabar? A História da Igreja testemunhou, ao longo dos séculos, um grande número de falsos profetas e falsas provisões quanto ao futuro da humanidade. Só para esse ano de 2015 houve várias previsões sobre o fim do mundo. Pasmem, essas previsões foram feitas por pessoas que se dizem cristãs! Para o mês de setembro de 2015 fizeram várias previsões de que a Terra teria seu fim entre 22 e 28 de setembro, quando um asteroide cairia perto de Porto Rico. Muitas igrejas acreditaram no falso profeta que espalhavam estas falsas notícias. E nada aconteceu. Terminou em decepção e vergonha. E assim será para todos os falsos profetas e para aqueles que os seguem, por propalarem tempos e datas para o "fim do mundo".
Na verdade, tais pregoeiros do fim não passam de falsos profetas, que, além de frustrarem a fé de milhares de pessoas, deixam um legado de falsos ensinos e heresias que causam prejuízo à vida espiritual de milhões de pessoas que nelas acreditam.
O nosso adversário tem procurado, de todas as formas, retirar dos púlpitos a mensagem verdadeira em torno da volta de Cristo e o fim de todas as coisas, como também levantado um sem-número de seitas e heresias cujo intento é, de modo prioritário, alterar e distorcer a verdade a respeito da Doutrina das Últimas Coisas, visando, assim, estabelecer um ambiente de confusão e de desesperança entre os crentes.
A expectativa da segunda vinda de Cristo não deve transformar ninguém em sonhador preguiçoso ou fanático zeloso. Tanto viver desatentamente como marcar datas para a segunda vinda de Cristo estão em desacordo com os preceitos de Deus. Em vez de querer fazer parte da “comissão de planejamento” da segunda vinda de Cristo, devemos anelar fazer parte do “comitê de boas-vindas”.
3. Falsos profetas. Segundo disse o pr. Elinaldo Renovato, certo pastor evangélico, no Nordeste, fazia cálculos errôneos sobre a Grande Tribulação e a Volta de Jesus. Ele marcou o arrebatamento para 1993, e o início da Grande Tribulação (sete anos) considerando que o ano 2.000 seria o fim do 6° milênio. Nada aconteceu. Indagado sobre qual era o calendário em que ele baseava suas previsões sobre os fins dos tempos, respondeu que usava o calendário romano. Esqueceu-se de que o calendário que usamos tem um erro de defasagem de quatro ou cinco anos, cometido por Dionysius Exiguus, que só foi descoberto muitos anos depois. Segundo os estudiosos, Jesus pode ter nascido entre 6 e 4 a.C. Mas o referido pastor, homem de mais de 60 anos, considerava-se, presunçosamente, um dos maiores intérpretes das Escrituras. Desdenhou de uma comissão que foi ouvi-lo, tachando a todos de "meninos”, que não sabiam bem das Escrituras. Por causa de suas apostilas, também houve quem quisesse desmarcar compromissos, alegando que, se Jesus estava perto de voltar, para que fazer mais alguma coisa? Mas, para sua decepção e sorte do mundo perdido, Jesus não veio em 1993.
Outro “profeta”, baseado em cálculos matemáticos, somando ou subtraindo referências bíblicas e utilizando a contagem bíblica dos tempos, assegurou que o Anticristo seria revelado em 13 de novembro de 1986 às 17 horas em Jerusalém. Marcou o “fim do mundo” para março de 1987. Nada aconteceu. O falso profeta foi desmoralizado.
Por que tais ensinos fracassaram? Simplesmente, porque não estavam de acordo com a Palavra de Deus. Jesus, em seu sermão escatológico, ensinou: "Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai. Por isso, estai vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24:23,44).
III. INTERPRETAÇÕES ESCATOLÓGICAS
Segundo alguns teólogos e estudiosos sobre o assunto, há quatro maneiras de interpretar a escatologia bíblica:
1. Futurista. A linha de interpretação futurista faz os elementos proféticos e apocalípticos nas Escrituras referirem-se primeiramente a um 'tempo do fim' quando todos os eventos virão a acontecer, começando com o Arrebatamento da Igreja até os fatos subsequentes. A maior parte dele ainda é futuro para nós, como era para aqueles que viviam nos tempos bíblicos. Esta é a linha de interpretação mais adequada à realidade das profecias sobre os últimos tempos. Essa corrente de interpretação, porém, subdivide-se em:
a) Pré-tribulacionista. Esta corrente afirma que o Senhor Jesus arrebatará sua Igreja antes da Grande Tribulação (João 14:1-3; 1Ts 1:10). É a nossa posição. É o nosso credo. É o credo da Assembleia de Deus. Em 1Co 15:51,52 está escrito: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar d’olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”.
A própria natureza da Grande Tribulação impede que a Igreja passe por qualquer fase dela. A Tribulação é uma época de ira, julgamento, indignação, trevas, destruição e morte. Paulo escreve: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”(Rm 8:1). A Igreja foi purificada pelo sangue de Jesus e não necessita de outra purificação. Alguns questionam: “Os cristãos não precisam ser purificados?” A resposta é sim, mas eles são purificados através da confissão do pecado e através do sangue de Jesus Cristo, não através do sofrimento pessoal. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1João 1:9).
Outra razão que vem justificar que a posição pré-tribulacionista é verdadeira é o que Paulo escreveu em 2Ts 1:7-8, que fala em dar “a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder; como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”. A ira de Deus durante a Grande Tribulação será derramada sobre “aqueles que não conhecem a Deus”, não sobre a Igreja. Deus salvou a Ló da destruição de Sodoma e Gomorra, porque ele era um homem justo. Sendo ele um homem justo (2Pe 2:7), os anjos lhe disseram: ”Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte para que não pereças... pois nada posso fazer, enquanto não tiveres chegado lá”(Gn 19:17,22). A presença de um homem justo retardou a ira de Deus. Da mesma maneira, a Igreja terá de ser removida antes que a ira de Deus possa ser derramada sobre a Terra - “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”(1Ts 5:8-9).
O propósito da Grande Tribulação não é preparar a Igreja para estar com Cristo, mas levar os judeus e gentios rebeldes a julgamento (2Ts 2:12), após a rejeição da mais ampla revelação do amor e da misericórdia divinos na pessoa de Jesus Cristo.
b) Pré-milenista. Ser pré-milenista significa crer que a Igreja será Arrebatada antes da implantação do Milênio, que será o governo de Cristo, na Terra. Esta corrente teológica interpreta os capítulos 19 e 20 de Apocalipse de acordo com a sequência indicada:
- Em Apocalipse 19:1 encontramos a Igreja, no Céu - “E, depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: ALELUIA! Salvação e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus”.
- Em Apocalipse 19:7 fala-se das Bodas do Cordeiro - “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou”.
- Terminada a festa das Bodas, no capitulo 19:12-14, encontramos o Senhor Jesus - o Cavaleiro do “cavalo branco” -, voltando à Terra, no Dia da Revelação do Senhor. Isto, sete anos depois do Arrebatamento da Igreja e no final do governo do Anticristo, aqui na Terra. É, também, o final da Grande Tribulação.
Nesta vinda de Jesus à terra, a Igreja, glorificada, virá com ele - “E seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro” (Ap 19:14). Esta roupa os anjos não podem vestir; elas foram dadas à Igreja - “E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Ap 19:8).
- O final do capitulo 19 descreve a grande batalha do Armagedon, na qual o Senhor Jesus aniquilará o gigantesco exército das nações, ou dos reis da terra, prende o seu comandante - que é o próprio Anticristo -, o qual, juntamente com o falso profeta “...foram laçados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19:20).
- Satanás é preso; Jerusalém e Israel, libertados, reconhecem e aceitam o Senhor Jesus, como sendo o seu Messias; as nações serão julgadas... e o Milênio vai ser implantado.
- A Igreja permanecerá com Jesus, pois, antes de sua morte ele orou ao Pai, e pediu - “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste...” (João 17:24). Assim, pessoalmente, cremos que no Milênio, bem como na eternidade, a Igreja estará com Jesus, onde ele estiver.
c) Midi-tribulacionista. Os seguidores desta corrente interpretativa creem que a Igreja irá passar pelos primeiros três anos e meio dos sete anos da Tribulação e que será arrebatada antes do início da segunda metade da Tribulação.
Esta visão deve ser rejeitada, uma vez que a Tribulação nos primeiros três anos e meio terá guerras, pestes, fome, doenças, desolação e morte como início da ira de Deus sendo derramada sobre a Terra. Assim como a Igreja não pode passar pela última metade da Tribulação (porque o propósito da Tribulação é punir os incrédulos, não a Igreja), também não pode passar pela primeira metade.
d) Pós-tribulacionista. A posição do arrebatamento pós-tribulacionista sustenta que a Igreja passará por sete anos de Tribulação. Ela resistirá ao julgamento e à ira de Deus e será levada para se encontrar com o Senhor no espaço, para voltar imediatamente com ele para a Terra. Um texto usado para justificar esta posição é João 16:33: ”no mundo tereis aflições…”.
Nas Escrituras a palavra tribulação é usada de duas formas diferentes. Primeiro, é usada para descrever uma terrível provação que vem sobre os indivíduos que andam com Cristo; neste sentido o crente deve esperar por provações. Segundo, a palavra é usada para descrever o período de sete anos quando a ira de Deus será derramada na Terra sobre os homens por sua rejeição a Jesus Cristo e ao evangelho. O propósito da Grande Tribulação é punir aqueles que rejeitaram a Palavra de Deus. Os crentes têm a promessa: ”Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”(Rm 8:1). A Igreja não pode experimentar o julgamento da Grande Tribulação porque seu julgamento foi removido pelo sangue de Jesus Cristo no calvário. Dessa forma, a visão do arrebatamento pós-tribulacionista deve ser rejeitada.
2. Histórica. Os adeptos da linha de interpretação história consideram que o Apocalipse é um livro histórico, ou seja, que os eventos nele contidos ainda eram futuros na ocasião em que foram descritos (o período bíblico), mas que já ocorreram e continuam a ocorrer dentro da vida histórica da igreja. Os adventistas acreditam que já estamos no cumprimento do capítulo 6 do Apocalipse, na abertura do 1° selo, que seria a pregação do evangelho. Com base no que já foi esclarecido neste estudo não precisa de esforço para refutar essa linha de interpretação, pois ela não corresponde à realidade bíblica.
3. Preterista. A abordagem preterista considera que o cumprimento da profecia apocalíptica ocorreu mais ou menos contemporaneamente com o registro bíblico dela, incluindo a destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C. Destarte, os 'últimos tempos' já teriam acontecido quando o escritor bíblico os descreveu. Nesta linha de interpretação há manipulação de datas para tudo, visando acomodar as premissas da interpretação. Numa linguagem simples, essa corrente entende que, no Apocalipse, tudo é passado (pretérito). Entretanto, as profecias bíblicas sobre o fim dos tempos indicam que diversos eventos escatológicos ainda não se cumpriram, como o Arrebatamento da Igreja (Mt 24:44; 1Ts 4:17), a Grande Tribulação ou "a hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo" (Ap 3:10), a vinda de Cristo em glória (Mt 16:27; Ap 1:7), o Julgamento das nações (Mt 25:31-46), o Milênio (Ap 20:2-5) ....
4. Simbolista. A interpretação simbolista (ou idealista) tira o elemento temporal da profecia apocalíptica. Segundo o pr. Elinaldo Renovato de Lima (1), no simbolismo tudo é "espiritualizado", tudo é simbólico; nada é histórico nem profético, mas apenas uma alegoria da luta entre o bem e o mal. É uma interpretação racionalista, que nega o sobrenatural e exalta apenas o homem. Como derivado dessa corrente, existe o ensino amilenista, ou amilenialista, segundo o qual não haverá um período literal de mil anos para o reinado de Cristo. Seus defensores afirmam que, "em momento algum, Jesus irá reinar sobre a Terra a partir de Jerusalém. O reino de Cristo não é deste mundo, mas Ele reina nos corações do seu povo sobre a Terra. Os mil anos simbolizam a perfeição e a plenitude do tempo que separa as duas vindas de Cristo". E que a igreja está vivendo esse Milênio simbólico, quando, logo após, haverá a ressurreição dos mortos. Todavia, as referências que indicam que o Milênio será literal são abundantes (Ap 20:2-5 e ref.).
Ainda afirma o pr. Elinaldo Renovato, os acontecimentos históricos do século passado e do atual desmentem totalmente a doutrina de que a Igreja está vivenciando o Milênio. As duas guerras mundiais, com milhões de vidas destruídas; o avanço das falsas religiões e das seitas; o aumento da violência e da corrupção; as grandes catástrofes naturais, como terremotos de alta intensidade, ceifando tantas vidas; o aumento da depravação da humanidade, a ponto de superar a pecaminosidade de Sodoma e Gomorra. Tudo isso desmente a teoria de que desde o século passado, estaríamos vivendo o Milênio. As características do Milênio reveladas nas Escrituras são muito diferentes. Diz a Bíblia: "Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Hc 2:14). Isso até aqui não aconteceu. Esse ensino tem tido a aceitação de muitas pessoas, incluindo pastores pentecostais, que antes pregavam a visão da vinda literal de Cristo à Terra.
Dentre os simbolistas há os pós-milenistas, que veem o Milénio como uma extensão do período atual da Igreja. Ensinam que o poder do evangelho ganhará todo o mundo para Cristo, e a Igreja assumirá o controle dos reinos seculares. Após isso, haverá a ressurreição e o julgamento geral tanto do justo como do ímpio, seguido pelo reinado eterno no novo céu e na nova terra. Os textos bíblicos, porém, indicam uma ordem diferente dos acontecimentos escatológicos. A ressurreição dos mortos salvos ocorrerá na vinda de Cristo. Paulo teve a revelação de Deus em relação à ressurreição dos crentes salvos, e da transformação dos que estiverem vivos na vinda de Jesus. No texto a seguir, não vemos hipótese para ser uma profecia simbólica, e, sim, literal e realista quanto à volta de Cristo: a ressurreição e o arrebatamento dos salvos.
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4.13-17).
Uma leitura cuidadosa do texto citado toma por base o fato da ressurreição de Cristo, que não foi simbólico, mas literal, testemunhado por centenas de pessoas e registrado nas páginas dos Evangelhos. Paulo diz que, da mesma forma, os que estão mortos ("em Jesus dormem") serão ressuscitados por Deus. E acrescenta que "os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor não precederemos os que dormem", e que, naquele momento glorioso para a igreja, "os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro". Isso não tem nada a ver com simbolismo. A linguagem, aí, só é figurada ou simbólica, no que respeita ao estado de morte, ou "estado intermediário", em que o apóstolo usa a metáfora do sono ("os que dormem"). No mais, a literalidade é tão clara como a luz de um dia de verão.
Completando seu precioso ensino acerca do arrebatamento da igreja, Paulo diz que os que estiveram vivos, por ocasião da volta de Cristo, serão "arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares". Somente uma interpretação equivocada ou tendenciosa pode vislumbrar simbolismo onde não há a menor margem para tal entendimento.
Na ascensão de Jesus, em Betânia, ele reunira seus discípulos e, diante de todos, literalmente, venceu a gravidade, em seu corpo glorificado, e subiu ao Céu à vista deles. Diz o texto de Atos: "E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir" (At 1.9,11). Jesus vai voltar, disseram os mensageiros celestiais, "assim como para o céu o vistes ir". Ou seja, da mesma forma, sobrenatural, literal, visível, de forma incontestável (Elinaldo Renovato de Lima. O Final de Todas as Coisas. pp.16-18).
CONCLUSÃO
Percebe-se que o estudo da Doutrina das Últimas Coisas é difícil e exige muito cuidado por parte dos professores e alunos da Escola Bíblica Dominical. Não nos deixemos perturbar pelas correntes equivocadas e mal-intencionadas de interpretação das profecias, pelos que, mesmo entre nós, comecem a esmorecer e a desacreditar da volta do Senhor, passando a buscar as coisas desta vida, mesmo em nome de sua religiosidade, mesmo em nome de Cristo. Nunca percamos de vista que a razão de ser da nossa fé é a vida eterna, é o convívio para sempre com nosso Senhor nas mansões celestiais. Vigiemos e, juntamente com o Espírito Santo, que nosso profundo desejo da alma seja dizer: “Ora vem Senhor Jesus!”.
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Ev. Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Manual de Escatologia (uma análise detalhada dos eventos futuros). J. Dwight Pentecost. Vida.
Um ensino necessário e confortador - Dr. Caramuru Afonso Francisco. Portal EBD_2004.
Joel Leitão de Melo - Sombras, Tipos mistérios da Bíblia.
Vem o Fim, o Fim Vem. Pr. Claudionor, de Andrade. CPAD. 2004.
Revista Ensinador Cristão – nº 65. CPAD.
(1) Elinaldo Renovato de lima. O Final de todas as Coisas – Esperança e Glória para os Salvos. CPAD.
 
 
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