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segunda-feira, 30 de março de 2015

2º TRIMESTRE DAS LIÇÕES BÍBLICAS DA CPAD

Aula 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS


2º Trimestre/2015

Texto Base: Lucas 1:1-4

 
“Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado” (Lc 1:4)

 
INTRODUÇÃO

Neste trimestre estudaremos a vida e obra de Jesus, o Homem Perfeito conforme registrou Lucas no seu Evangelho. O relato feito por Lucas é tido pelos teólogos como o mais completo dentre os outros evangelhos. Muitos fatos ocorridos na vida do Salvador só são encontrados neste Evangelho, como, por exemplo, a pesca maravilhosa (Lc 5:6) e a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7:11-15), mas a sua maior beleza está em narrar a história da salvação (Lc 19:10). Lucas apresenta o Salvador como o Homem Perfeito que veio salvar a todos: judeus e gentios.

Espiritualmente, estaríamos bem mais pobres no nosso apreço pelo Senhor Jesus e pelo seu ministério sem a ênfase singular do evangelista Lucas. O amor do Senhor e a oferta de salvação para todos, não somente para os judeus, seu interesse especial por indivíduos, sim, e até pelos pobres e rejeitados são salientados em Lucas. Lucas também concede ênfase intensa ao louvor (dando-nos exemplos dos consagrados “hinos” cristãos em Lc 1 e 2), à oração e ao Espírito Santo. Assim avaliou o crítico francês Ernest Renan sobre o Evangelho segundo Lucas: “O livro mais belo que existe”. Que cristão sensível, ao ler a inspirada obra-prima de Lucas, desejaria contestar essas palavras? Oro, que mediante o estudo de cada Lição, possamos conhecer mais a respeito do Filho de Deus, que se fez Homem e habitou entre nós.

I. LUCAS, O EVANGELHO DO FILHO DO HOMEM


1. Autoria e data. Lucas é o único evangelista que escreve uma continuação do seu Evangelho: o livro de Atos, no qual sua autoria é ainda mais evidente. As passagens de Atos na primeira pessoa do plural, “nós”, indicam que o escritor esteve envolvido pessoalmente (Atos 16:10; 20:5-6; 21:15; 27:1; 28:16; cf. 2Tm 4:11). Pelo processo de eliminação, somente Lucas se enquadra em todos esses períodos. Está bem claro na dedicatória a Teófilo e no estilo da composição que Lucas e Atos foram escritos pelo mesmo autor.

A evidência interna fortalece a documentação externa e a tradição da Igreja. O vocabulário (muitas vezes mais exato em termos médicos que os outros escritores do Novo Testamento), junto com o depurado estilo grego, sustenta a autoria de um médico culto, gentílico e cristão, mas conhecedor dos temas judaicos. A predileção de Lucas por datas e pesquisas (cf. Lc 1:1-4; 3:1) tornam-no o primeiro historiador da Igreja.

Paulo chama Lucas “o médico amado” e o nomeia separadamente de cristãos judeus (Cl 4:14), o que o tornaria o único escritor gentílico no Novo Testamento.

- Data. A mais provável para Lucas é o início dos anos 60 do primeiro século. Visto que quase todos concordam que Lucas deve preceder Atos cronologicamente, e Atos termina por volta de 63 d.C. com Paulo em Roma, uma data antes disso é necessária. O grande incêndio de Roma e a resultante perseguição dos cristãos como bodes expiatórios de Nero (64 d.C.) e o martírio de Pedro e Paulo não seriam ignorados pelo historiador da Igreja Primitiva se já estivessem ocorrido. Assim, uma data próxima de 61-62 d.C é mais provável.

2. A obra. Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.

Aqueles que conhecem o seu conteúdo certamente concordam com essa afirmação. A maneira especifica como registrou os acontecimentos, que tiveram como ápice a ressurreição e a ascensão de Jesus, é própria e singular do autor.

Dentre os quatro Evangelhos, Lucas é o que apresenta o relato mais completo da vida de Jesus Cristo. É importante notarmos que o conteúdo deste Evangelho, juntamente com o conteúdo do seu segundo Livro, Atos dos Apóstolos, constituem 20% do Novo Testamento. É importante destacar que 50% desse relato é exclusivo de Lucas. Marcos, Mateus e João não tem esse material exclusivo, que se encontra principalmente no trecho que compreende Lucas 9:51-19:27.

Em Lucas, Jesus é visto claramente como o Salvador divino-humano, que veio como a provisão divina da salvação para todos os descendentes de Adão.

Lucas nos dá uma visão geral da história da Salvação quando diz: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele” (Lc 16:16). Neste verso, Lucas mostra a intervenção de Deus para salvar a humanidade em três grandes etapas: o tempo do Antigo Testamento; o tempo de Jesus ou o tempo do reino; e o tempo da Igreja. Entretanto, fica claro que o resumo de toda a mensagem que ele quis transmitir sobre Jesus e o próprio Evangelho se encontra em Lucas 19:10, quando apresenta Jesus como Aquele que fez a diferença nessa história da salvação: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. Esse é, pois, o verso-chave do Evangelho de Lucas.

O cuidado de Lucas em elaborar corretamente o seu relato faz-nos perceber o quanto levava a sério o ministério que tinha recebido de Deus na preservação verídica do Evangelho da graça.

Assim, Lucas demonstrou amor verdadeiro, desenvolveu um ministério confiável e preservou eternamente o conteúdo mais singular da história da humanidade.

Portanto, conhecer e estudar este livro sagrado deve nos fazer mais sensíveis em relação a vinda, a vida, o ministério, a morte e a glorificação de Jesus Cristo, pois Ele é também considerado o “evangelho da graça”, o evangelho que mostra a vontade de Deus em abençoar os homens.

3. Os destinatários originais. Originalmente, Lucas endereça o seu Evangelho a Teófilo. O títuloexcelentíssimo (Lc 1:3) dá a entender que ele era um oficial do governo. Seu nome quer dizeramigo de Deus. Provavelmente ele foi um cristão que ocupou posição de honra e responsabilidade na administração exterior do Império Romano.

O propósito de Lucas foi apresentar a Teófilo um relato escrito que confirmaria a confiança absoluta de tudo o que foi ensinado concernente à vida e ao ministério do Senhor Jesus. A mensagem escrita forneceria a estabilidade, preservando-o das inexatidões da contínua transmissão oral.

Lucas também escreveu aos gentios. Em sua narrativa deixa claro que ele escreveu para os gentios. Por exemplo, ele apresenta a genealogia humana de Jesus, recuando-se até Adão (Lc 3:23-28) e não até Abraão, conforme fez Mateus (cf Mt 1:1-17).

4. Ênfase. É interessante percebermos o contraste que existe entre as ênfases de João e Lucas. Enquanto João trata da divindade daquele que é Homem, Lucas nos apresenta, de modo claro, a humanidade daquele que é Deus. Quando destacamos o verso-chave deste Evangelho – “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10) -, temos reforçado essa ênfase. Jesus é apresentado como Filho do Homem, destacando-se a sua humanidade, a sua identificação conosco.

Mas é bom reconhecermos também que Lucas não deixa de demonstrar a glória da divindade e da majestade de Jesus Cristo (Lc 1:32-35).

Ao lermos e estudarmos a narrativa de Lucas sobre a vida e o ministério de Jesus Cristo, ficamos impressionados pelo interesse humano do seu autor. Somos confrontados com os aspectos da vida humana de Jesus Cristo, apresentados a eventos comoventes, cheios de alegria, de tristeza, de cânticos, de exultação, de lágrimas, de louvor e de muita oração.

Somente Lucas descreve o nascimento do seu precursor, João, o batizador. Lucas é o único que registra os cânticos especiais que têm sido alvo de tantas obras da música cristã: a Beatitude, de Isabel (Lc 1:42); a Magnificat, de Maria (Lc 1:46-55); o Benedictus, de Zacarias (Lc 1:68-70); oGlória in excelsis, dos anjos (Lc 2:14); e o Nunc-dimittis, de Simeão (Lc 2:29-32). E, além disso, ele destaca as mulheres, as crianças, os doentes, os samaritanos, enfim todos os rejeitados pela alta sociedade daqueles dias.

Mas Lucas se destaca também por ser considerado “o evangelho do lar”. Ele nos mostra, de modo simples, a vida de Jesus quando ainda pequeno, junto com os pais Maria e José; a cena na casa de Simeão; a hospitalidade de Marta e Maria; a mulher varrendo a casa para achar a moeda perdida; a parábola do amigo inoportuno que bate na casa do amigo à meia noite; a parábola onde o pai celebra, em casa, a volta do filho perdulário ao lar; e o local preparado para a celebração da Páscoa quando foi instituída a Ceia do Senhor.

5. A importância do Evangelho segundo escreveu Lucas. A importância desse Evangelho pode ser constatada através de sete destaques que merecem ser conhecidos:

a)    Em Lucas encontramos a Trindade envolvida na salvação da humanidade. Vemos o controle de Deus Pai, enviando-nos o seu Filho Jesus Cristo para nos salvar (Lc 1:26; 10:21). Encontramos a ação do Espírito Santo atuando e capacitando o próprio Senhor Jesus na realização do seu ministério (Lc 4:14,18) e percebemos que o Senhor Jesus Cristo, de modo consciente, declarou plenamente essa missão (Lc 19:10).

b)    Em Lucas encontramos uma visão distinta da história da salvação. Lucas divide a intervenção divina no projeto de salvação da humanidade em três etapas: o tempo do Antigo Testamento, que chega até os dias de João Batista; o tempo do reino de Deus, ou o tempo de Jesus Cristo, incluindo toda a vida e ministério do Salvador; e o tempo da igreja, a partir do cumprimento da promessa da vinda do Espírito Santo (Lc 16:16).

c)     Em Lucas encontramos uma clara ênfase na universalidade da salvação, na abrangência da mensagem cristã. Jesus não é apenas o Messias dos judeus, mas o Salvador do todas as pessoas (Lc 2:32; 4:25-27; 24:46,47).

d)    Em Lucas encontramos uma ênfase escatológica ligada à salvação. Lucas escreve acerca de uma grande salvação, que é válida por toda a eternidade e não somente para um tempo. Ele aguarda a vinda do fim, quando a salvação da qual escreve chegará à sua consumação.

e)    Em Lucas encontramos a viagem final de Jesus da Galileia para Jerusalém, passando por várias aldeias, inclusive samaritanas (Lc 9:51-56), mostrando a abrangência da salvação (Lc 15:1,2) e a sua clara entrega em nosso favor (Lc 18:31-33).

f)     Em Lucas encontramos a clara promessa do Espírito Santo que viria para inaugurar uma nova etapa do relacionamento Deus-Homem (Lc 24:49), que se concretizou em Atos 2:1-4.

Perdemos muito quando desconhecemos essa narrativa tão especifica, esse retrato pintado com tanta sensibilidade.

Conhecer o Evangelho registrado por Lucas é importante por todos esses argumentos levantados, pois é um relato claro do plano maravilhoso de Deus em nos trazer salvação através de Jesus Cristo e nos capacitar através da ação do Espírito Santo.

6. Características especiais. Há diversas características que de forma especial dão ao Evangelho segundo Lucas sua própria individualidade. (4)

a) Ele é o Evangelho universal. Lucas, ele mesmo um gentio (ele é expressamente excluído dos “únicos da circuncisão” em Cl 4:11,14), olha além dos limites estreitos do nacionalismo e do preconceito judaicos da época. A árvore genealógica de Cristo é traçada além de Abraão, o pai das nações, até Adão, o pai da raça humana; e Jesus é chamado de “luz para revelação aos gentios” (Lc 2:32).

b) Ele é o Evangelho da alegria. Há alegria no início – “estou lhes trazendo boas novas de grande alegria”; há alegria no meio do relato (cap. 15); e há alegria no final quando os discípulos“voltaram para Jerusalém com grande alegria”. Há tristeza e reveses suficientes, mas a alegria constantemente se intromete no curso dos acontecimentos.

c) É o Evangelho dos marginalizados e desprezados. “Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?” (Lc 5:30), perguntam os fariseus. E todo o Evangelho poderia servir de resposta: Porque o Filho do Homem “veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10), mulheres caídas, odiados cobradores de impostos e até mesmo um ladrão moribundo. Os cobradores de impostos certamente não eram pobres, mas socialmente eram desprezados e evitados. Jesus nasceu de pais pobres, e foi a visita de humildes pastores de ovelhas, e não a de sábios orientais, que capturou a imaginação de Lucas.

d) É o Evangelho das mulheres. Uma das principais características da apresentação que Lucas faz do Evangelho é seu respeito e reverência pela dignidade da mulher. As histórias da gravidez de Isabel e Maria, tão difíceis de contar, estão impregnadas de graça e delicadeza que as revestem de uma atmosfera singular de pureza. A glória da condição de mãe é retratada aqui com tanta consideração quanto a tragédia vista na condição de mãe da viúva de Naim. Lucas também tem prazer em contar das mulheres que cuidavam de Jesus (Lc 8:1-3) e foram fiéis até o final (Lc 23:25).

e) É por excelência o Evangelho da oração. Dos quatro evangelistas, Lucas é o que dá mais destaque à oração. Ele se esforça em ensinar que a alma tem necessidade da comunhão com Deus. Ele reforça essa lição ao mostrar Cristo como o exemplo de oração para o crente. Por exemplo, ele mostra como o nosso Senhor se voltou ao Pai em oração em todos os momentos críticos da sua vida: no batismo, antes do chamado dos Doze, antes da confissão de Pedro, na transfiguração e na crucificação. Também é Lucas que nos apresenta as parábolas do amigo importuno e a do fariseu e o publicano, e um tratado acerca da oração que as acompanha.

7. Esboço de Lucas.  Há várias demonstrações de Esboço. De forma resumida apresento este:

a)    A introdução do evangelista (Lc 1:1-4).

b)    O parentesco humano do Filho do Homem (Lc 1:5-2,52).

c)     O batismo, a genealogia e aprovação do Filho do Homem (Lc 3:1-4:13).

d)    O ministério do Filho do Homem na Galileia, no poder do Espírito Santo (Lc 4:14-9:50).

e)    A viagem do Filho do Homem para Jerusalém, discipulando os doze (Lc 9:51-19:27).

f)     A rejeição e a crucificação do Filho do Homem pelas autoridades e pelo povo (Lc 19:28-23:56).

g)    A ressurreição e a ascensão do Filho do Homem (Lc 24:1-53).

II. A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO

1. A história da salvação.  Segundo Leon L. Morris, o conceito que Lucas tem da história da salvação não para na ascensão. Vê o ato de Deus continuado na proclamação do evangelho e na vida da igreja. Os judeus têm um lugar especial na dispensação divina, e até ao fim é “a esperança de Israel” que os pregadores do evangelho proclamam (Atos 28:20). Os judeus, porém, rejeitaram seu Messias. Isto não queria dizer que Deus foi derrotado. Na realidade, foi a oportunidade para uma expansão de Seu triunfo na proclamação do evangelho aos gentios. Mas o evangelho tinha de ser oferecido aos judeus primeiramente. Foi a recusa, da parte deles, da boa dádiva de Deus que importou em a igreja ficar predominantemente gentia (Atos 13:46ss.). Tiago especificamente inclui os gentios em “um povo para o seu nome” (Atos 15:14).

Tudo isto advém do amor e da graça de Deus. A salvação divina brota do grande amor que Deus tem para os homens. (1)

2. A salvação em seu aspecto universal. O aspecto universal da salvação, revelado no evangelho segundo escreveu Lucas pode ser facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1:1,2).

A palavra “salvação” está ausente de Mateus e Marcos e corre uma só vez em João. Lucas, no entanto, emprega o referido termo duas vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo “salvar” mais frequentemente do que qualquer outro Evangelista.

Segundo Leon L. Morris, Lucas nos conta que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel especialmente (Lc 2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até Adão (Lc 3:38), o progenitor da raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica (conforme faz Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo, quando os discípulos queriam invocar fogo contra eles (Lc 9:51-54), ou na bem-conhecida parábola do Bom Samaritano (Lc 10:30-37), ou na informação de que o leproso agradecido era desta casta (Lc 17:16). Refere-se aos gentios no cântico de Simeão (Lc 2:32) e nos conta que Jesus falou com aprovação acerca de não-israelitas tais como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (Lc 4:25-27). Conta-nos acerca da cura do escravo de um centurião (Lc 7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vêm de todas as direções da bússola para assentar-se no reino de Deus (Lc 13:39) e da grande comissão para pregar o evangelho em toda as nações (Lc 24:47). Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (Lc 10:1-20) tem relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela solicitude de Deus para com todas as pessoas. Lucas mostra com clareza a largura do grande amor de Deus na universalidade da salvação. (2)

Jesus é o perfeito Deus-Homem que oferece a salvação a todas as nações (Lc 2:29-32). Para Ele não há judeu, nem gentio, nem grego, nem bárbaro, nem escravo, nem livre. Sua obra é uma interpretação viva e completa daquele que tem poder para redimir o homem em qualquer lugar e em qualquer tempo.

III. A IDENTIDADE DE JESUS, O MESSIAS ESPERADO

1. Jesus, o Homem Perfeito. O Senhor Jesus foi o único Homem Perfeito que este mundo alguma vez já viu. Ele foi totalmente e sempre perfeito, aos olhos de Deus e diante dos homens – perfeito nos pensamentos, perfeito nas palavras e perfeito nas ações. No “Homem Jesus Cristo” estavam perfeitamente combinadas a majestade que intimidava e a docilidade que trazia perfeita tranquilidade na Sua presença. Os escribas e os fariseus experimentaram as Suas repreensões severas, enquanto que a pobre samaritana e “a mulher que era pecadora” sentiram-se inexplicável e irresistivelmente atraídas a Ele.

Jesus foi um homem semelhante a nós, mas sem pecado – “nele não há pecado” (1João 3:5). Exteriormente, Ele não se distinguia dos demais homens, nos quais habita o pecado (Rm 8:3), contudo, nEle não existiu pecado. Não podia pecar nem cometeu pecado algum. Por isso, Ele é o Homem Perfeito, e permanece eternamente Homem Perfeito – “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2:5).

2. O Messias e o Espírito Santo. O Espírito Santo é destacado em Lucas desde o início. Há uma profecia no sentido de que João seria cheio do Espírito Santo, desde o ventre materno (Lc 1:5), ao passo que se diz de Isabel bem como de Zacarias que ficaram cheios do Espírito Santo (Lc 1:41,67). O mesmo Espírito estava “sobre” Simeão, revelou-lhe que haveria de ver o Cristo, e o guiou para o Templo no momento apropriado (Lc 2:25-27).

Com relação a Jesus Cristo, o Espírito Santo estava ativo em conexão com o Seu Ministério. Este fato remonta até à concepção original, pois o anjo Gabriel informou Maria que “descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (Lc 1:35).

Quando Jesus estava para começar Seu ministério, há várias referências ao Espírito Santo. João Batista profetizou que Jesus batizava com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3:16). Quando nosso Senhor foi batizado, o Espírito Santo veio sobre Ele “em forma corpórea como pomba” (Lc 3:22), e o mesmo Espírito O encheu e O guiou para o deserto na ocasião da tentação (Lc 4:1). Depois de terminada a tentação, e Ele estava para entrar no Seu ministério, “Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia” (Lc 4:14). Depois, quando pregou na sinagoga de Nazaré, Jesus aplicou a Si mesmo as palavras: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4:18).

Não há muitas referencias ao Espírito durante o ministério, mas em certa ocasião Jesus “exultou no Espírito Santo” (Lc 10:21) e provavelmente devamos entender que isto indica que o Espírito estava continuamente com Ele. Além disto, disse aos Seus seguidores que, nas emergências, o Espírito Santo lhes ensinaria as coisas que deveriam dizer (Lc 12:12), e não é fácil pensar que eles teriam o Espírito Santo e Jesus, não.

A blasfêmia contra o Espírito o Espírito é o mais grave dos pecados (Lc 12:10). Jesus disse a Seus discípulos que o Pai daria o Espírito Santo àqueles que lhes pedirem (Lc 11:13). Depois da ressurreição, disse: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai”; e passou a assegurar os discípulos que seriam “revestidos de poder do alto” (Lc 24:49). Esta é uma clara referência à vinda do Espírito Santo, profecia esta que foi cumprida no Pentecostes. O Espírito Santo está constantemente operante desde o Dia do Pentecostes.

Está absolutamente claro, pois, que uma das grandes ênfases de Lucas é o Espírito Santo. Não pensa que Deus deixa os homens para servi-lo da melhor maneira que podem com seus próprios recursos. O amor de Deus é visto no Espírito que entra nos seguidores de Jesus e lhes dá poder e os guia. (3)

CONCLUSÃO

Quando você for assaltado por perguntas ou dúvidas sobre a sua fé, leia o Evangelho de Lucas. Você poderá crer com segurança que Jesus é Deus, o único Filho de Deus, o Homem Perfeito, e único Salvador da humanidade. Ele oferece perdão a todos os que O aceitam como Senhor de suas vidas, e que creem que o que Ele diz é verdadeiro. O mundo está perdido, como milhões de pessoas rumando à separação eterna de Deus. Esses homens, mulheres e crianças precisam encontrar e conhecer o Salvador. Se você conhece a verdade sobre a Verdade, o seu Senhor e Salvador Jesus Cristo, o que você está fazendo para compartilhar o Evangelho com os outros? Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Lucas (Introdução e Comentário). Leon L. Morris. VIDA NOVA.

Comentário Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

(1) Leon L. Morris. Lucas (Introdução e comentário). pg. 34.

(2) Ibidem, pg 35.

(3) Ibidem, pp. 43/44

(4) F.F.Bruce – Comentário Bíblico NVI. Ed.VIDA.

FONTE: http://luloure.blogspot.com.br/

quinta-feira, 19 de março de 2015

CAZAQUISTÃO E OS CRISTÃOS


Cristãos são proibidos de realizar cultos no Cazaquistão

Imagem: DivulgaçãoO pastor e os membros da Igreja Presbiteriana Rakhym, em Almaty, no Cazaquistão, foram proibidos de realizar atividades religiosas, tais como reuniões de oração e cultos de adoração a Deus aos domingos, no prédio que utilizam como templo.
De acordo com a nova lei religiosa do Cazaquistão, adotada em 2011, é proibido exercer atividade religiosa em edifícios destinados a habitação. O prédio da igreja Rakhym está oficialmente no “fundo” de um local de residência, o que significa que o espaço tem fins de moradia.
Para mudar a documentação do lugar utilizado como templo trocando a categoria que o caracteriza como “fundo” de uma habitação ou simplesmente redefinir a finalidade do edifício para religioso (ou seja, destinado a atividades religiosas), é necessário apresentar os documentos para os comitês agrários e arquitetônicos da administração da cidade. O processo pode se arrastar por anos e muitas igrejas já tiveram as solicitações de mudança de objetivo dos terrenos e edifícios negadas, o que faz com que as igrejas tenham de ficar fechadas ou passar a atuar de maneira ilegal.
Recentemente, um pastor da Igreja Presbiteriana Rakhym foi convocado a comparecer na administração da cidade, onde lhe foi dito que a proibição da atividade religiosa foi legítima e a igreja não tem o direito de continuar suas atividades religiosas.
Ore para que o Senhor traga uma solução para que os membros da igreja possam continuar se reunindo para louvar e adorar a Deus.
Fonte: Portas Abertas

Igreja Universal promove encontro com pastores de outras igrejas no Templo de Salomão

Igreja Universal promove encontro com pastores de outras igrejas no Templo de Salomão
A Igreja Universal do Reino de Deus promoveu uma reunião no Templo de Salomão com representantes de diversas igrejas evangélicas, incluindo pentecostais e tradicionais.
Dentre os presentes, haviam representantes de igrejas históricas, como Batistas, pentecostais, da Quadrangular, e neopentecostais de comunidades diversas.
O bispo Edir Macedo conduziu o encontro, e durante seu sermão leu a passagem bíblica de Mateus 23:16,17: “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: ‘quem jurar pelo santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou!’ Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou o santuário que santifica o ouro?”.
Nesse contexto, Macedo disse que Jesus se dirigia aos religiosos de sua época, que agiam na contramão do que pregavam.
“Quando a pessoa tem amor por Deus, ela está ligada a Ele. Não podemos ver o Senhor Jesus, fisicamente, mas, por conta da Sua Palavra, que é Espírito, nada neste mundo nos tira dessa fé. Se um rapaz não tem um amor profundo por sua esposa, obviamente se uma mulher mais atraente aparecer, ele logo vai descobrir que não amava a sua esposa o suficiente. É o brilho nos olhos. O mesmo acontece com as pessoas na Igreja com relação a Deus”, comentou Macedo.
Segundo informações do site da denominação, o bispo Macedo ainda frisou que “enquanto você estiver no altar, você nunca cairá em tentação” e acrescentou: “Não queremos que você deixe a sua denominação. Eu incluo sempre os servos de Deus nas minhas orações, eu oro por vocês porque quanto mais almas vocês ganharem, melhor é para o Senhor Jesus”.
O responsável pela organização do evento, bispo Inaldo Silva, afirmou que o propósito do evento é estreitar os laços com as demais denominações evangélicas: “Trata-se de uma reunião entre igrejas de diversas denominações, em que o objetivo é entender que, apesar de termos liturgias diferentes e pensarmos, muitas vezes, de maneiras diferentes, isso não nos impede de andarmos juntos, uma vez que somos filhos do mesmo Pai”.
Um dos pastores que compareceram ao evento, Alcemir Pantaleão, 52 anos, líder da Igreja Evangélica Peniel, de Vitória (ES), comentou a experiência: “Eu compreendo o contexto histórico de Israel e da construção dessa réplica do Templo de Salomão, e vivencio a unidade do encontro de hoje. O que nos une é maior do que o que nos faz diferentes. Deus é a base da nossa fé”, resumiu.
Pastores participam de evento no Templo de Salomão
Pastores participam de evento no Templo de Salomão

FONTE: http://noticias.gospelmais.com.br/

terça-feira, 10 de março de 2015

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL 1º TRIMESTRE 2015

Aula 11 – NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO

1º Trimestre_2015


Texto Base: Êxodo 20:16; Deuteronômio 19:15-20


“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (Êx 23:1).



INTRODUÇÃO

Dando sequência ao estudo do Decálogo trataremos nesta Aula a respeito do Nono Mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. O testemunho falso, desnecessário, sem valor ou sem fundamento constitui uma das formas mais seguras de arruinar a reputação de uma pessoa e impedi­-la de receber tratamento justo por parte dos outros. Por causa de uma palavra mal falada, lares foram estilhaçados, reputação foi abalada, vidas literalmente destruídas, e até mesmo famílias inteiras arruinadas. A língua tem o fantástico poder de abençoar ou amaldiçoar, de curar ou ferir, de amar ou odiar. A falsa testemunha não ficará impune ao mentir sobre o seu semelhante, causando-lhe sofrimento - “... A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá..." (Pv 19:9).

I. O NONO MANDAMENTO

O Nono Mandamento é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras. Deus espera que, como seus filhos, a verdade flua de nossa boca e não o engano. A observância do Nono Mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social. O Senhor Jesus Cristo citou este mandamento para o moço rico, juntamente com outros do Decálogo (Mt 19:18; Mc 10.19; Lc 18.20). Da mesma maneira, fez o apóstolo Paulo (Rm 13.9).

1. Abrangência. Dizer falso testemunho contra o próximo aplica-se não apenas ao perjúrio nos tribunais para prejudicar alguém, mas também à divulgação de boatos falsos e mexericos. Levantar acusações contra pessoas sem ter provas legítimas contra elas seria um ato pecaminoso e monstruoso. Não por acaso Tiago afirma que a língua é um membro capaz de incendiar uma floresta (Tg 3:7). Com a má língua pode-se rapidamente destruir reputações que levaram anos para serem construídas.

Li uma história de um jovem discípulo que contrariado com seu mestre levantou diversos falsos testemunhos contra ele causando-lhe grandes problemas. Anos depois ao saber que o velho mestre encontrava-se muito doente quase à morte, este jovem arrependido foi até ele para lhe suplicar o perdão dizendo que faria qualquer coisa para consertar o seu erro. O velho mestre gentilmente disse que aceitaria seu pedido de desculpas, mas pediu uma última tarefa ao jovem discípulo, dizendo-lhe que ele deveria pegar um saco cheio de penas e soltá-las do topo do edifício mais alto da cidade. Quando isso foi feito, o jovem voltou ao mestre que olhou para ele e disse: ‘Agora vá e recolha cada uma dessas penas e traga até mim’. O jovem exclamou: ‘Isso é impossível!’. E o velho mestre, como uma última lição lhe disse: ‘Da mesma forma que é impossível recolher as penas, é impossível que uma palavra proferida seja recolhida novamente’.

As palavras de um falso testemunho podem e devem ser perdoadas, mas nunca serão esquecidas por aqueles que foram tocadas por seu veneno.

Tiago recomenda que o homem seja "pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1:19). Ouvir bem, ser cauteloso ao falar e não se irar facilmente são três métodos práticos para se cumprir construtivamente o Nono Mandamento. Mais adiante, Tiago mostra a dificuldade que o homem tem de dominar sua língua (Tg 3:8). Mas não existe justificativa para o cristão não cumprir de modo positivo o Nono Mandamento. Tiago ensina que a figueira não produz azeitonas, a videira não produz figos e a fonte de água doce não jorra água salgada (Tg 3:12). Portanto, o cristão deve refrear a língua, mesmo que seja praticamente impossível (Tg 3:8), pois isso corresponde a vontade e diretriz de Deus para ele.

2. Objetivo. Segundo o pr. Esequias Soares, o propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (Dt 19:20; Dt 17:3).

Segundo Hans Ulrich, “o problema da mentira é tão antigo como a história da humanidade. Já no jardim do Éden, Satanás usa uma pergunta falsa para arruinar o homem: ‘será que Deus disse...?’ (Gn 3:1). As palavras mais frequentes que a Bíblia hebraica aplica à mentira são sheger (‘falsidade’, ‘engano’) e kazabh (‘mentira’, ‘engano’). Portanto, a mentira é uma declaração falsa que tem a intenção de enganar o próximo. Um exemplo clássico está em Juízes 16:10,13, quando Sansão mente três vezes para Dalila”.

Também, o propósito deste mandamento, segundo o pr. Esequias Soares, é “promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos” (2Co 13:8).

3. Contexto. A honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano. O Nono Mandamento não somente defende a honra, mas também a vida. Com suas normas na legislação mosaica, este mandamento mostra a administração da justiça em Israel. Todo o sistema judicial hebreu era baseado no testemunho. Todas as provas eram colhidas a partir das falas das testemunhas (cf. Dt 19:15-21). Uma palavra podia salvar ou condenar, inclusive à pena capital. Moisés instrui os juízes de Israel tanto na esfera criminal (Nm 35:9-34) como também na esfera religiosa (Dt 17:2-7) e civil (Dt 19:14-21).

Um falso testemunho pode resultar num julgamento injusto e comprometer a idoneidade da corte. Não é possível a vida numa sociedade corrompida em que o cidadão de bem não se sente seguro diante de uma corte que não oferece confiança e de um modus operandi em conluio com os corruptos, como havia à época de Habacuque – “Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.” (Hc 1:4).

O sistema mosaico colocava a testemunha falsa sujeita à mesma pena que ela esperava ser aplicada ao acusado (Dt 19:16-21). Mesmo assim, nunca faltou quem se apresentasse como falsa testemunha.

II. O PROCESSO

1. Responder em juízo. “O Mandamento ‘não dirás falso testemunho contra o teu próximo’ (Êx 20:16; Dt 5:20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usado e por sua regulamentação na lei”, afirma o pr. Esequias Soares. A palavra de um israelita contra a de outro não poderia ser válida para se estabelecer um julgamento. O processo religioso estabelece: "Por boca de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha, não morrerá" (Dt 17:6). Nem mesmo um processo civil que não envolvia pena capital deveria aceitar uma só testemunha: "Uma só testemunha contra ninguém se levantará por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o negócio" (Dt 19:15). Dessa maneira, esperava-se um julgamento justo e transparente, mas nem sempre essas testemunhas eram idôneas e honradas. Mas, se a testemunha procedesse de forma mentirosa em qualquer processo ela “estaria cometendo o crime em nada inferior ao crime objeto do julgamento”; ela seria processada e “a sentença deveria ser a mesma que se destinava ao acusado” (cf. Dt 19:19). “Se a acusação exigia a pena de morte, ela deveria ser transferida do réu para a falsa testemunha” (cf. Dt 19:21). “Mesmo conhecendo o rigor da lei, a história registra um número considerável de personagens que não levaram em consideração o nono mandamento”, afirma o pr. Esequias Soares.

2. Falso testemunho. Trata-se de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consciência, portanto falso. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt 19:15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível”.

- Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21:13).

- O Senhor Jesus Cristo foi a principal vitima de falso testemunho. O sistema legal de Jerusalém foi arranjado por representantes da lei cujo propósito era fazer o linchamento parecer um julgamento justo conforme determina o sistema mosaico. Seus acusadores eram as autoridades políticas e religiosas: "Os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte, e não o achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas" (Mt 26:59, 60). A passagem paralela de Marcos 14:55,56 afirma que as acusações dessas falsas testemunhas da elite do Sinédrio "não eram coerentes".

- Estêvão foi também vítima de falsas testemunhas. Essas pessoas foram subornadas para falarem mentiras contra um homem justo; a acusação era de blasfêmia contra Deus, contra Moisés, contra o templo e contra a lei (At 6:11-14). Assim como o Senhor Jesus, Estêvão foi condenado à morte (At 7:58-60).

- O apóstolo Paulo foi acusado, além das demais acusações falsas de introduzir gentios no templo de Jerusalém (At 21:27-33). Os romanos o prenderam para livrá-lo de um linchamento por parte dos judeus radicais, mas este episódio foi o início do fim da carreira apostólica de Paulo.

3. O próximo. Segundo o pr. Esequias Soares “é no Nono Mandamento do Decálogo que o termo ‘próximo’ aparece pela primeira vez. A expressão ‘teu próximo’ era conhecida por qualquer judeu familiarizado com as Escrituras no período do ministério terreno do Senhor Jesus, mas parece que havia incerteza quanto a seu exato significado: ‘E quem é o meu próximo? ’(Lc 10:29), perguntou um doutor da lei a Jesus. O contexto dos evangelhos deixa claro que os judeus daquela época consideravam como seus ‘próximos’ apenas os amigos da mesma etnia, tribo e classe com quem mantinham uma relação mútua de afinidade e intimidade. Mas não é esse o pensamento do Antigo Testamento, que inclui também os estrangeiros além dos israelitas (Êx 3:22; Lv 19:34). O segundo e grande mandamento, ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’, é a palavra final sobre o assunto”. Portanto, “o próximo é qualquer pessoa, independentemente de sua etnia, status, confissão religiosa ou convicção política e filosófica”.

Múltiplas são as facetas do pecado contra a honra do próximo: desrespeito, resposta evasiva (Gn 4:9), engano proposital ou falsidade deliberada (Gn 27:19), ambiguidade, mordacidade, maledicência, injúria, ofensa, insulto, ódio, calúnia, detração, crítica desastrosa, murmuração, falsidade, malícia, logro (At 5:1-10), mexerico, zombaria, raiva. Toda manifestação de mentira provém do coração enganoso (Jr 17:9), que evidencia o desrespeito e o desprezo em nossos pensamentos e desejos íntimos.

III. A VERDADE

1. O que é a verdade?  Segundo Esequias Soares, “verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira” (Dt 13:14; 17:4; Is 43:9).

Segundo Hans Ulrich, ao ser interrogado por Pilatos, Jesus respondeu que Sua missão é dar testemunho da verdade, e que todo aquele que ouve Sua voz é da verdade (João 18:37). Este jogo de palavras revela o segredo messiânico: Jesus é a verdade vinda do Pai; Ele é de fato o rei.

No testemunho joanino, a verdade de Cristo é uma força transformadora, capaz de nos libertar da escravidão do pecado; está escrito: "E conhecereis a verdade, e a verdade te libertará" (João 8:32).

A verdade de Jesus não nos deixa aprisionados, mas livres para sempre. O apóstolo João ainda afirma que é possível conhecer essa verdade. Conhecer alguém implica em ter interesse e abertura em relação a tal pessoa. Na medida em que se abre para a verdade e busca conhecer a Cristo, o homem desenvolve aquela fé que resulta na transformação real. O Nono Mandamento cumpre-se verdadeiramente na pessoa de Cristo. Ele colocará fim a toda mentira do homem e do diabo, de maneira que todo homem há de confessar que Ele é o Senhor (Fp 2:11).

O crente deve sempre escolher andar na verdade em quaisquer lugares: na família, na escola, no trabalho, nas amizades, em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais. Quem é de Jesus não tem outro compromisso que não seja a verdade. Não empreste a sua língua para levantar falso testemunho contra alguém. Como já disse, o nosso Senhor foi condenado pelos homens através do falso testemunho de outrem. A vida de Jesus nos ensina o lado que devemos escolher: o melhor é sempre o da verdade.

2. Antigo Testamento. Segundo Hans Ulrich, no Antigo Testamento, a palavra básica para "verdade" é “emet”, que deriva do conhecido vocábulo “amem” e significa fazer certo, concordar, suportar, sustentar. Também existe uma ideia de solidificação, estabilidade e firmeza. O oposto de “emet” é falsidade, mentira.

No testemunho do Antigo Testamento, Javé é a verdade (Is 65:36). Deus é o Deus da verdade (Sl 146:6; Jr 10:10). Ele não mente como o homem (Nm 23:19; Hb 6:18). Ele guarda Sua fidelidade ou, literalmente, Ele guarda Sua verdade para sempre (Sl 146:6) e é fiel e verdadeiro Seus conselhos (Is 25:1). Graça e verdade O precedem (Sl 89:14). Ele é grande em misericórdia e verdade (Êx 34:6). Suas palavras são verdadeiras (2Sm 7:28) e Sua palavra é reconhecida como a verdade (Sl 119:160).

O homem é criado à imagem de Deus e, portanto, é convidado por Deus a ser homem de verdade, integridade e fidelidade (Êx 18:21; Dt 1:13; Nm 7:2) e a andar na verdade (Sl 25:5; 43:3; 86:11).

Nos salmos, Deus nos exorta a praticar a integridade e a justiça, dizer a verdade de coração (Sl 15:2,3), refrear a língua, apartando-se do mal (Sl 34:13,14) e controlar a língua (Sl 39:2).

De acordo com a visão messiânica de Zacarias, a cidade de Sião será chamada cidade de verdade (Zc 8:3). O Senhor será "Deus em verdade e em justiça" (Zc 8:8), ou seja, Ele executará essas virtudes. A verdade não será um ato unilateral de Deus, pois o homem estará incluído nessa prática e participará da verdade. Isso significa que ele será capaz de falar a verdade com seu próximo (Zc 8:16) e realmente amar a verdade (Zc 8:19).

3. Novo Testamento. No Novo Testamento, Cristo é a perfeita expressão da verdade. Segundo Hans Ulrich, Cristo não apenas possui ou representa a verdade, Ele é a verdade em essência. A verdade se encarnou (João 1:14) e assumiu forma concreta em Jesus. Note que Ele não é uma verdade entre muitas outras verdades. Ele reivindica ser a verdade absoluta: "eu sou a verdade" (João 14:6).

Paulo recomendou aos colossenses que sua palavra fosse sempre agradável e temperada com sal, para saberem como responder a cada um (Cl 4:6). No capítulo 3 aos Colossenses, Paulo ensinou que o cristão não mente porque se despiu do velho homem, o que indica que, ao se tomar nova criatura em Cristo e participar da nova vida em Jesus, o homem passa a ser capaz de cumprir o Nono Mandamento. Para Paulo, existe uma nítida relação entre ser crente em Jesus e viver na verdade.

IV. O CUIDADO COM A MENTIRA

1. A origem da mentira. A mentira surgiu bem cedo na história da humanidade. Satanás, pai da mentira (Jo 8:44), no Éden, disse a primeira mentira registrada na Bíblia. Primeiro com uma indução (Gn 3:1) - “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” - e depois com a mentira propriamente dita (Gn 3:4) - “É certo que não morrereis”. Os nossos primeiros pais caíram em pecado justamente por não acreditarem nas palavras de Deus e sim nas mentiras proferidas pelo diabo.

A mentira não deve fazer parte da vida dos filhos de Deus. Ele ordenou: “…nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo” (Lv 19:11). “Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR” (Pv 12:22). Temos de abominar e detestar a mentira (Sl 119:163), rogando ao Senhor que a afaste de nós (Pv 30:8).

O nosso compromisso é com a verdade, por isso, “não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Cl 3:9; cf. Ef 4:25).

2. O pecado da mentira. Segundo disse o pr. Esequias Soares, o Nono Mandamento proíbe toda forma de mentira, tanto aquela que se diz deliberadamente na vida diária como também sob juramento num tribunal. Tudo aquilo que se fala com o propósito de prejudicar o bom nome de alguém é pecado e violação deste mandamento. Na graça este mandamento aparece na esfera espiritual e não jurídica (Ef 4.25; Cl 3.9).

"Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef 4:25).

O apóstolo Paulo mostra que engendrar pensamento falso, falar mentira, propalar falsos rumores faz parte do estilo de vida do mundo pagão. Portanto, nós que somos convertidos à fé cristã temos pela frente o desafio de mudar o nosso padrão de vida; precisamos agora viver como discípulos de Cristo.

3. O problema da mentira branca (*). Segundo Hans Ulrich, tudo o que se diz deve ser verdade, mas nem tudo o que é verdade deve ser dito. Em outras palavras, do ponto de vista da ética cristã, é bom e aconselhável diferenciar entre mentira proposital, engano ou erro de cálculo, retenção da verdade e mentira branca. Sabemos que, na prática, nem sempre é possível sair deste problema moral. Tal conflito leva muitas pessoas às mentiras brancas, conhecidas também por mentiras de emergência, úteis ou serviçais.

A mentira de emergência surge quando o homem se encontra no dilema de não querer admitir toda a verdade nem querer mentir propositadamente. Qual a solução para este problema? Pode-se mentir numa emergência? Jesus ensinou a dizer "sim" ou "não". O problema é que o ideal não ajuda a chegar a conclusões concretas nos casos em que o "não" constitui uma mentira e o "sim" prejudica meu próximo. É lícito guardar propositadamente um segredo e evitar dizer a verdade plena? Ou a proibição à mentira é um absoluto moral?

O Antigo Testamento relata as mentiras dos patriarcas, sem que tal atitude fosse rejeitada imediatamente no contexto: de Abraão (Gn 12:11-13; 20:1-12); de Isaque (Gn 26:7-11); de Jacó (Gn 27:8-27). As parteiras que salvaram muitos filhos dos hebreus são consideradas mulheres tementes a Deus (Êx 1:21). Também na história de Davi e seu amigo Jônatas consta a mentira emergencial (1Sm 20:1-30).

Todavia, no Novo Testamento não há lugar para qualquer forma de mentira. Jesus ensinou a dizer a verdade (Mt 5:37). Seria trágico se daí se concluísse que a verdade deve ser dita da mesma forma, em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa.

Hans Ulrich, citando Bonhoeffer disse: a verdade não pode ser dita em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa de igual maneira. Ao dizer a verdade plena, o médico pode provocar a morte imediata de um paciente sensível. Em um regime totalitário, a verdade plena também pode pôr fim a vidas preciosas. Não somos obrigados a responder toda a verdade a um regime de mentira que faz morrer milhares de pessoas inocentes. Por outro lado, é preciso levar a sério o ensino de Jesus: é melhor dizer "sim" ou "não" do que jurar (Mt 5:37).

CONCLUSÃO

Uma maneira de evidenciar nossa obediência a Deus quanto ao Nono Mandamento é amar sempre a verdade. A carta aos Coríntios nos lembra de que o amor “não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1Co 13:6). Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade e nunca dizer falso testemunho. Quando minamos a reputação de outra pessoa pelas palavras que falamos, somos culpados de causar danos indescritíveis na vida desta pessoa, e de destruir a respeitabilidade e credibilidade dela diante da sociedade em que ela vive, quer seja no trabalho, comunidade, congregação ou mundo secular. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

 (*) Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos, pp. 224/225. Vida Nova.

FONTE/luloure.blogspot.com.br/